Considerado o segundo "pulmão do mundo", depois da Amazónia, a floresta do Mayombe é "agredida" por cidadãos de Angola, República Democrática do Congo (RDC) e Congo, que exercem actividades fora do controlo das autoridades.
Para tornar o plano mais operativo, uma fonte do Ministério do Ambiente disse ao Novo Jornal que, os três países e também, o Gabão, que quer aderir à iniciativa, estão a estudar os mecanismos para a institucionalização da APT. "Será dotado de uma personalidade jurídica e isso vai ajudar os países a trabalharem seriamente para ajudar a proteger a floresta do Mayombe", acrescentou sem precisar a data Para a nossa fonte, a maior parte da APT proposta na floresta do Mayombe, e especialmente na sua parte sul, foi submetida a décadas de grande degradação e ao uso intensivo dos seus recursos naturais.
"Embora seja necessário melhorar a regulamentação, o controlo e a aplicação das leis em matéria de concessões de exploração florestal nos três países situados na parte meridional da floresta do Mayombe, a exploração artesanal anárquica é mais destrutiva", frisou.
A exploração anárquica concerne à madeira para obras e serviços, a madeira para lenha, para o carvão vegetal e para a agricultura. O NJ apurou ainda que "o impacto da agricultura itinerante sobre queimada é particularmente alarmante, com novas parcelas arroteadas cada ano, cada vez mais profundamente na floresta". Adiciona-se a essa situação, a caça ilegal, tanto para comércio como para subsistência, praticada em toda a região da floresta do Mayombe, especialmente na zona sul, com um impacto devastador e um controlo e uma aplicação muito fraca da lei.
"As redes transfronteiriças de comércio ilegal de carne de caça e o tráfico de animais de estimação (tendo como alvo principal os macacos e outros primatas e papagaios) foram identificadas como uma grande preocupação", frisou a fonte, salientando que "os elefantes são caçados principalmente por causa do conflito entre humanos e elefantes (CHE), bem como pela carne e o marfim, mas provavelmente apenas a uma escala muito pequena".
Em Junho de 2009, os três países assinaram, na província de Cabinda, um protocolo de entendimento da Área de Protecção Transfronteiriça do Grande Mayombe (APT), que estabelece os procedimentos para a colaboração na conservação e gestão sustentável dos ecossistemas florestais. O Plano Estratégico da Iniciativa Transfronteiriça de Mayombe tem uma vigência de dez anos e consiste em projectos para reforçar a conservação e gestão sustentável do seu ecossistema e a cooperação entre os países membros.
A área de execução do plano estratégico envolve as províncias de Cabinda (Angola), Baixo Congo e Reserva de Luki (RDC), Kouilou e Reserva de Dimonika (Congo- -Brazzaville). No caso de Angola, a área proposta para protecção transfronteiriça estende-se desde o município de Buco Zau até Belize, incluindo a antiga Reserva Florestal de Cacongo. Com uma extensão de mais de dois mil quilómetros em Angola, o Mayombe tem a mais rica floresta angolana em termos de diversidade.
A floresta do Mayombe é composta de florestas densas e húmidas, situadas entre 400 m e 930 m de altitude, que cobrem cerca de 10.000 km2 ao longo de uma estreita faixa paralela à costa atlântica. "A floresta Mayombe, localizada entre a RDC, Angola, o Congo e o Gabão, forma o limite sudoeste da floresta tropical da Bacia do Congo, e da distribuição de uma grande variedade de espécies florestais e de fauna associada, incluindo espécies de importância mundial como o chimpanzé da África Central, o gorila das planícies ocidentais, elefantes de floresta e muitas outras espécies ligadas ao centro de endemismo Guiné-Congo", explicou.
As diferenças significativas nos níveis de degradação das componentes adjacentes dos ecossistemas florestais do Mayombe e a existência de problemáticas transfronteiriças levaram à conclusão de que a cooperação entre os países que compartilham a floresta do Mayombe é essencial. Esta cooperação irá garantir uma protecção mais eficaz, a gestão sustentável e a restauração da integridade e da biodiversidade dos ecossistemas. Também servirá de base para incentivar a promoção de um desenvolvimento económico sustentável e a redução da pobreza na região.