O assunto está a criar dissabores no condomínio Vila Jordan, da construtora e imobiliária Jefran, que admite a falha e garante solucionar o problema.

Irene acusa a imobiliária Jefran de ser "desonesta" e "incumpridora" dos termos estabelecidos no seu contrato-promessa para a compra de uma residência no condomínio Vila Jordan.

O contrato-promessa, a que o Novo jornal teve acesso, refere, no seu quarto ponto, relativo a prazos e condições de entrega do imóvel, que a habitação deverá ser entregue concluída e com todos os acabamentos, de acordo com a lei, até 26 dias a partir da data de liquidação da factura.

Porém para dona Irene, a escritura não passa de letra morta, sendo que continua a estar adiado o sonho de ter casa própria. Para piorar ainda mais a situação, de acordo com esta cidadã angolana, a moradia que lhe foi apresentada no acto das negociações não corresponde à casa que vai receber. A mulher alega que a residência está incompleta.

"As casas de banho não têm poliban, o chão não é antiderrapante, quer dizer, se for tomar banho naquela casa de banho é morte na hora certa porque, com os detergentes, o chão fica escorregadio. Em pleno século 21, eu ainda não vi isto. Mesmo as casas sociais do Governo entregues às populações têm poliban e estas não. Puseram simplesmente uma sanita, um lavatório mal montado, e um conjunto de chuveiro na parede", desabafou a cidadã, que disse ter apresentado uma reclamação ao responsável da empresa, que prometeu resolver o problema e entregar a casa em oito dias.

"Fui reclamar e o senhor Francisco Simão prometeu-me entregar a casa com o poliban, mas vamos completar 15 dias e isso não foi feito", reclama Irene.

O condomínio está localizado na rua Bem-vindo, no bairro Benfica, onde estão a ser erguidas um total de 40 casas, de acordo com o encarregado de obras da construtora Jefran. A casa que deverá ser entregue à Irene é a número 16, uma vivenda com terraço de quatro quartos suites, sala cozinha, uma casa de banho, varanda e dois quintais, um à frente e outro atrás.

Na lista de reclamações de Irene consta ainda a falta de um parapeito na varanda, um banheiro nas casas de banho, tal como ilustra a casa modelo visitada por si.

"O corrimão da escada era em ferro, mas já foi rectificado porque exigi o inox. Nos catálogos e nas casas modelo que visitei, reparei que as casas estão completas. Na casa modelo havia um parapeito na varanda e aqui não há. O chão do quintal de trás deveria ser todo ele cimentado, apenas deveria ter um espaço para um canteiro e não foi feito", explicou a fonte que disse estar a ser vítima de burla.

"Estou a ser enganada porque me foi mostrado um projecto e estão-me a entregar outra coisa. Ainda perguntei se me entregariam a casa como aquelas que vi e disseram que sim. Agora, paguei 170 mil dólares para receber uma casa inacabada.

A casa, segundo Irene Cardoso, foi comprada por meio de um crédito bancário em nome da sua filha, cuja identidade preferiu omitir.

A cidadã diz que já contratou um advogado que deverá levar o caso a tribunal, ou negociar com a empresa, uma vez que, de acordo com a interlocutora, os responsáveis da empresa recusaram-se, nos últimos dias, a manter contactos com a cliente.

"Confiei no dono da empresa, que é o senhor Francisco, e que prometeu resolver a situação, mas até hoje nada aconteceu e, muito pelo contrário, agora já nem me recebe. O director comercial, que é o senhor Nick, não atende o telefone e quando o faz diz que está em Cabinda ou noutra parte de Angola. Estivemos lá ontem (terça-feira, dia 22) e o senhor Francisco mostrou-se indisponível em receber-me", conclui a cidadã, que já apresentou uma queixa sobre o assunto numa esquadra policial.

"Tudo foi feito e podemos entregar a casa"

O chefe de produção da imobiliária Jefran, Jelson da Silva, reconhece haver falta de cumprimento nos prazos estabelecidos. O jovem responsável garante que a sua empresa está a fazer tudo para procurar satisfazer as reclamações da sua cliente.

"Estamos a fazer de tudo. Cumprimos com as reclamações. Colocámos o ar condicionado, de acordo com o seu pedido. Quanto aos polibans, devem constar numas adendas e, se não forem pagos, nada será feito", explicou o responsável, assegurando que a casa está pronta para ser entregue e habitada por dona Irene e a sua família.

"Ela pode receber a casa ainda hoje. Mas, devo dizer que tivemos situações adversas que nos impossibilitaram de cumprir com os prazos. É impossível pintar uma casa quando chove. É impossível montar o ar condicionado com chuva. Temos atrasos. Ela está preocupada com as reclamações e nós estamos preocupados em entregar a casa em condições", justificou-se o funcionário.

"As reclamações foram feitas, sexta-feira passada. Rectificou-se o sistema de electricidade. O que ela pediu, fizemos. O corrimão era de ferro, metemos inox. Isto significa que não ficámos na ignorância. Tudo está ser feito", insistiu o encarregado pela produção da imobiliária Jefran.

No que toca às reclamações de acessórios apresentadas pela sua cliente, o responsável disse que tudo foi feito, de acordo o modelo adquirido pela compradora.

O Novo Jornal procurou ainda ouvir o dono da empresa, Francisco Simão, bem como o responsável pela área comercial, mas nenhum deles esteve contactável até ao fecho desta edição.