O julgamento foi suspenso na passada sexta-feira, dia 19, pelo tribunal, e retoma esta terça-feira com audição de outros arguidos no processo, o major "milionário" foi o primeiro arguido a ser interrogado pelos juízes e negou ter defraudado o Estado através da sua posição na Casa de Segurança da Presidente da República.
Ao tribunal, o major "milionário" assegurou ser possuidor de muito dinheiro, carros topo de gama, iates de luxo, relógios caríssimos e vários apartamentos em Angola e na Europa, mas tudo fruto do seu trabalho.
Aos juízes Pedro Lussaty disse que mantinha no seu apartamento, em Talatona, aproximadamente 68 milhões de dólares e mais 1,5 mil milhões de kwanzas guardados por que não confiava nos instituições bancarias.
Disse também desconhecer 99 por cento dos restantes arguidos e lamentou o facto de a PGR deter e manter em prisão preventiva o seu sobrinho por beneficiar de uma residência que o próprio lhe ofereceu.
Ao tribunal, o major "milionário" nega ter dado entrevista ao jornalista Cabingano Manuel e diz que o vídeo da "Operação caranguejo" foi mantado e que vai processar o director de informação da Televisão Pública de Angola (TPA).
Segundo acusação do Ministério Público (MP), durante 10 anos, isto de 2008 a 2018, os arguidos processaram salário de centenas de milhares de militares falecidos, de soltados a tenentes-coronéis, desistentes e também criarem na província do Kuando Kubango, batalhões e regiões militares que nunca existiram, mas cujas folhas de salários eram processadas.
Pedro Lussay e Afonso Ferrais, e um dos prófugos no processo, segundo acusação, recebiam parte desses valores porque os planos de pagamentos de salários eram elaborados por eles.
"Eles fixavam os valores em numerário, a serem pagos, muito superiores à necessidade da unidade", salienta o MP que refere que o remanescente, depois do pagamento dos salários à unidade, Lussaty e o seu "sócio" ficavam com o resto do dinheiro.
Os arguidos são acusados de crimes de peculato, associação criminosa, recebimento indevido de vantagens, participação económica em negócios e abuso de poder e também de fraude no transporte ou transferência de moeda para o exterior do País, comércio ilegal de moeda, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e de falsa identidade.