A direcção do colégio diz que alunos desobedecerem às regras do Decreto Presidencial sobre a covid-19 e apenas por isso os suspendeu.

Os estudantes protestaram em frente à instituição, no dia 26 de Abril, para exigirem melhoramento das condições do colégio, organização e respeito por parte dos professores e apesentarem outras reclamações.

Ao Novo Jornal, alguns estudantes suspensos declararam que existe uma má-fé da instituição em suspender os alunos que só pretendem ver repostos os seus direitos.

"Reivindicámos apenas sobre as más condições do colégio, visto que existe há mais de cinco anos e até agora não possui um laboratório para o curso de enfermagem, a escola tem um laboratório de informática, para o curso de gestão, que tem apenas 10 computadores, dos quais apenas seis funcionam, três alunos são obrigados a partilhar o mesmo computador", disse uma aluna de gestão, que solicitou anonimato.

"Somos obrigados a levar os materiais para a prevenção da Covid-19, o colégio nem sequer tem água para lavar as mãos em época de pandemia. Não há equipamento de biossegurança na instituição", prosseguiu.

"Os nossos banheiros não são higiénicos, partilhamos todos as mesmas casas de banho. O índice de assédio às meninas é muito elevado e decidimos denunciar isso na manifestação", explicou outra aluna, que também preferiu o anonimato.

No dia da manifestação, contam os alunos, não foram desrespeitadas as normas de distanciamento nem o Decreto Presidencial sobre a situação de calamidade pública.

"A direcção do colégio chamou a polícia, a polícia fez-se presente e viu que obedecíamos às regras da Covid-19 e foi embora. O objectivo da direcção era que a polícia nos prendesse a todos porque, segundo eles, estávamos a manchar o nome da instituição", explicaram.

O novo Jornal apurou junto dos estudantes que apenas os alunos do período da tarde, na sua maioria jovens dos 15 aos 18 anos, é que participaram na manifestação.

"Quem tinha de proteger a lei era a polícia. Se as autoridades policiais estiverem no local e não se à nossa manifestação, porque até viram que estávamos a obedecer às normas de distanciamento, porque é que o colégio vem agora com esta conversa sem sustentabilidade?", questionam os visados.

Os protestos, segundo os estudantes, decorreram de forma pacífica e ordeira durante três horas, ou seja, das 13 às 16:00 do dia 26 de Abril.

Sobre o assunto, o Novo Jornal contactou, por telefone, a directora geral do Complexo Escolar Privado Nossa Senhora da Anunciação, Sílvia de Sousa, para os devidos esclarecimentos, o que não foi possível por não razões de agenda. Apesar de não fundamentar as razões, Sílvia de Sousa confirmou, entretanto, a suspensão dos estudantes.

Num despacho exarado pela directora Sílvia de Sousa, datado de 28 de Abril, a que o Novo Jornal deve acesso, a direcção do colégio considerou gravíssima a atitude dos estudantes, que classificou como irresponsável.

"No âmbito das regras da Covid-19, e dado que os alunos em desobediência às orientações e conselhos da direcção do colégio, agruparam-se em frente à instituição, num acto de indisciplina, violando de forma grave as regras estabelecidas pela Comissão Multissectorial para o combate à Covid-19, num momento em que se verifica uma nova vaga das estirpes sul-africana e Inglesa em Angola", lê-se no documento.

"Pelo grave acto de desobediência e desrespeito à direcção do colégio e aos professores, a direcção do Colégio Nossa Senhora da Anunciação, no âmbito das suas competências, decidiu, por prudência e protecção à vida, suspender imediatamente as aulas aos alunos implicados e a abertura de um processo disciplinar a todos os participantes da manifestação", prossegue o documento.

O Complexo Escolar Privado Nossa Senhora da Anunciação, na centralidade do Sequele, em Cacuaco, existe há mais de cinco anos.