Este tipo de actividade tem crescido de forma inesperada ao longo do último ano, em Angola, como pode ser revisto nos links em baixo, com dezenas de locais desmantelados, quase todos recorrendo a quantidades gigantescas de energia da rede pública.
Os prejuízos para o Estado são de tal monta, bem comos os lucros das redes organizadas para o efeito, que o Presidente da República, João Lourenço, lançou na semana passada um apelo veemente às forças de segurança para muscularem o combate a este tipo de crime.
Sobre esta operação, o director do gabinete de comunicação institucional e imprensa da direcção geral do SIC, Manuel Halaiwa, contou ao Novo Jornal que o estaleiro clandestino foi desmantelado nesta segunda-feira, 10, no bairro Tanque Serra.
No centro, conta o superintendente-chefe de investigação criminal, foram projectados oito naves que funcionavam com dois postos de transformação de energia eléctrica ligados à rede pública.
Recorde-se que o Presidente da República, na passada sexta-feira, 07, enfatizou publicamente que a mineração de criptomoeda é um crime que está a crescer e merece a atenção e a firmeza necessárias por parte dos órgãos de justiça para que não se alastre.
O Chefe do Estado referiu ainda, na cerimónia da tomada de posse de novos procuradores gerais adjuntos, que os casos de crimes diversos que são desvendados pelo Serviços de Investigação Criminal (SIC) aumentaram consideravelmente, crimes cometidos não apenas por cidadãos nacionais, mas, "infelizmente", também por cidadãos estrangeiros.
"E nós estamos preocupados, sobretudo, com alguns tipos de crimes que mais se repercutem na nossa sociedade, como o contrabando de combustível, vandalização de bens públicos, crime violento, homicídios, violação de menores (...) e violência doméstica", apontou, acrescentando que "a esses acresce agora um novo tipo de crime, que não era comum na nossa sociedade, que é a mineração de criptomoeda".
João Lourenço disse que este tipo de crime tem vindo a aumentar e que tem de "merecer a atenção e a firmeza necessárias por parte dos órgãos de justiça para que não se alastre".
Como se produz criptomoeda?
As criptomoedas são geradas a partir de um sistema informático de grande resolução que, ao contrário do que se pensa, que é que estas resultam da resolução de equações matemáticas, procura códigos, como se fosse um sorteio, amealhando a moeda à medida que acerta nos códigos aleatórios.
À medida que o software acerta nesses códigos, vai amealhando criptomoedas, que lhe chegam através do registo da descoberta no banco de dados denominado blokchain, que é uma espécie de sistema de armazenamento de dados por blocos interligados.
Em síntese, como estes códigos não são infinitos, os centros de mineração competem uns com os outros em todo o mundo por eles, sendo que quanto maior for a capacidade de processamento, maior sucesso se tem, em teoria.
Gasto gigantesco de energia e impacto ambiental negativo
Mas a questão problemática para o Estado angolano, sendo que é daí que resulta parte da preocupação do Presidente João Lourenço, que a fez chegar às autoridades na sexta-feira, 07, de forma incisiva, é que estes centros ilegais usam vastas quantidades de energia da rede pública, muitas das vezes com ligações pirata.
E quanto maior e potente é o sistema em rede usado para minerar este valioso recurso digital, sendo a mais conhecida, havendo muitas outras, a Bitcoin, que vale actualmente cerca de 100 mil USD por unidade, mais energia consome.
Segundo dados recolhidos em estudos internacionais, alguns destes "spots" podem gastar o equivalente a uma pequena cidade e, actualmente, em todo o mundo, estima-se que minerar criptomoedas custe o equivalente ao consumo de energia de países como a Austrália.
Só uma destas unidades sem dimensões extraordinárias tem, por norma, um consumo superior a 3,5 quilowatts-hora (kWh).
Há ainda a acrescentar que esta actividade tem um impacto ambiental gigantesco se não contar com energia gerada localmente por fontes alternativas, como a solar, eólica ou hídrica...