O nome de Manuel Vicente surge associado à CIF, empresa chinesa cujos activos em Angola passaram recentemente para a esfera do Estado e a vários negócios que remontam à altura em que liderava a Sonangol e que terão custado milhões de dólares ao país.
Segundo o jornal Expresso, os serviços de investigação da Procuradoria Geral da República (PGR) estimam que a Sonangol terá entregado 2,3 mil milhões de dólares, através de carregamentos de petróleo, ao empresário sino-britânico Sam Pa, o principal rosto do CIF (China Internacional Fund).
"Esta operação terá sido sustentada com carregamentos de petróleo, o principal suporte das relações que, de forma nebulosa, envolveram a Sonangol e a Sinopec, petrolífera chinesa trazida para Angola por Sam Pa e parceira da empresa então liderada por Manuel Vicente na exploração do bloco 18", noticiou o semanário no domingo.
Sem detalhar os montantes envolvidos, uma fonte da PGR adiantou que "há investigações em curso" no Serviço Nacional de Recuperação de Activos para identificar o património de Manuel Vicente.
Contactada pela Lusa, uma fonte da Sonangol escusou-se a revelar pormenores, declarando apenas que a petrolífera estatal tem estado a colaborar com as autoridades judiciais.
"Estamos disponíveis para apoiar nas solicitações da PGR relacionadas com situações suspeitas que aconteceram no passado", indicou.
A par dos generais Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa" e de Leopoldino do Nascimento Fragoso "Dino", Manuel Vicente, outro dos homens fortes do regime do ex-Presidente de José Eduardo dos Santos, surge ligado à CIF, uma empresa chinesa fundada em 2003 para financiar projectos de reconstrução nacional e desenvolvimento de infraestruturas nos países em desenvolvimento, principalmente em África.
Segundo um relatório do centro de estudos britânico Chatham House, publicado em 2009, a CIF teria ligações à China Angola Oil Stock Holding Ltd, que negociaria com o petróleo angolano através da China Sonangol International Holding.
Entre os directores da China Sonangol International Holding estaria Manuel Vicente, que foi investigado em Portugal por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais, em 2017.
"Dino" e "Kopelipa" foram já constituídos arguidos no âmbito de uma investigação relacionada com contratos celebrados entre o Estado através do extinto Gabinete de Reconstrução Nacional e a empresa chinesa.
Na passada quarta-feira, a PGR anunciou que os dois generais entregaram vários bens ao Serviço de Recuperação de Activos, incluindo empresas e mais de mil edifícios.