O acesso aos 10 discos, que o hacker encriptou, tornando quase impossível a sua análise sem a a sua colaboração, foi possível depois de as autoridades portuguesas terem feito um acordo com Rui Pinto, que estava em prisão preventiva há mais de um ano, passando a contar com mais liberdade de movimentos e protecção policial 24/24, habitando agora, na condição de prisão domiciliária, um apartamento no interior das instalações da Polícia Judiciária (PJ), em Lisboa.
A revelação de que já tinha acesso a estes "arquivos" foi feita pelo próprio director nacional da PJ, Luís Neves, em entrevista ao Diário de Notícias, mas não deu quaisquer pormenores sobre o seu conteúdo.
Luís Neves admitiu, contudo, segundo avançou a TVI24, que vão ser abertos novos processos a partir da análise do conteúdo dos discos rígidos agora desencriptados.
Recorde-se que o mais famoso hacker português, que também está por detrás do caso "football leaks", desvendando vários casos de corrupção no futebol europeu, foi detido em Janeiro de 2019, em Budapeste, Hungria, acusado pela justiça portuguesa de ter acedido ilegalmente ao correio electrónico de diversos clubes portugueses.
Depois de já estar em prisão preventiva, Rui Pinto, através dos seus advogados, admitiu que tinha sido também ele a entrar no software das empresas de Isabel dos Santos, recolhendo milhares de ficheiros que levaram, em parte, ao arresto preventivo de bens e contas da empresária, em Angola e em Portugal, depois de divulgados por um Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).
Esse facto levou Isabel dos Santos, que viu esta caso encher páginas de jornais e ecrãs em todo o mundo, a anunciar, em Janeiro deste ano, que iria processar o ICIJ e os media envolvidos na divulgação da informação disponibilizada, iniciando um longo processo de desmentidos das acusações que lhe foram feitas.