As zungueiras denunciam que há vendas de lugares no interior do Mercado do São Paulo a 100 mil kwanzas, acusação que administração desmente afirmando que as vendedoras preferem estar nas ruas.
Ao Novo Jornal as "zungueiras" dizem que foram esta segunda-feira,22, surpreendidas pelas forças policiais que as proibiu de vender em toda a extensão do interior do São Paulo.
O Novo Jornal constatou no local também ao enceramento de vários armazéns de venda de produtos na zona da "Gajajeira"
"Não fomos notificados nem avisados de antemão que deixaríamos de vender aqui. Sabemos do perigo que corremos ao vender na zunga, mas pelo menos avisassem-nos", contam.
Entretanto, face às reclamações das "zungueiras", a administração do distrito urbano do Sambizanga iniciou esta segunda-feira, o cadastro das vendedeiras ambulantes no exterior do mercado do S. Paulo.
Aos jornalistas as "Zungueiras disseram que vários cadastramentos já foram feitos e que nunca lhes foi dito nada sobre o assunto, por isso não acreditam que deste sairão bons resultados.
"Queremos saber onde estão os lugares nos mercados vazios? Quais são esses mercados que estão disponíveis", questionam as "zungueiras".
Quanto à existência de lugares no mercado do S. Paulo, as mulheres dizem não serem para todas, visto que só consegue lugar quem tiver "esquemas" com a administração do mercado, que acusam de vender cada lugar ao preço de 100 mil kwanzas.
"Eles vendem lugar acima dos 100 mil kz. Já vendemos na zunga, onde vamos conseguir 100 mil para pagar um lugar?", perguntam.
Sobre este assunto, a administração do mercado recusa as acusações e diz tratar-se de falsas acusações das zungueiras, contou ao Novo Jornal um alto funcionário que não quis ser identificado por falta de orientação superior.
Moradores do S. Paulo dizem que é um alívio a retirada das "zungueiras" e que medida do GPL Já vem tarde, mas temem pelo regresso da "zunga" daqui a um mês.
Sobre a proibição da venda desordenada naquela zona, o Novo Jornal ouviu alguns moradores dos prédios adjacentes que asseguram gostar da medida e que dizem lamentar o facto de ser tomada tarde.
Ao Novo Jornal os moradores dizem agora esperar pela eficácia da medida, visto que não é a primeira vez que as zungueiras são proibidas de vender e querem esperar para crer.
Eduarda Mandiga, moradora de um dos prédios, contou que é horrível estar num prédio rodeada de vendedores.
"Não temos privacidade, não conseguimos realizar funerais. É uma chatice viver assim, muitos até arrendaram os seus apartamentos para se verem livres dessa situação constrangedora", explicou.
Helena Gouveia e Tiago Amaral, dois moradores com quem o Novo Jornal conversou, dizem ser uma boa medida do GPL, mas querem seja efectiva.
"Não queremos que seja apenas uma medida temporária do Governo, como foi a "Operação Resgate", esperamos que seja assertiva e para sempre", desejam.
Face ao impedimento da venda desordenada, a circulação automóvel e de peões é feita de forma normal e segura.
Em comunicado, o Governo Provincial de Luanda (GPL) considera que, decorridos seis meses desde a aprovação da Estratégia para Mitigação da Venda Desordenada (EMVD), as acções do Plano de Reordenamento do Comércio têm sido implementadas nos municípios de Belas, Viana, Cacuaco e Talatona, sendo os ganhos visíveis em toda a extensão da Avenida Fidel de Castro e arredores.
Segundo o GPL, o fim do processo de sensibilização, coisa que as zungueiras dizem nunca existir, e do cadastramento, os municípios de Luanda e do Cazenga iniciaram, domingo, 21, a implementação do plano aprovado ao longo das avenidas Cónego Manuel das Neves e Ngola Kiluanje, bem como das ruas Rei Mandume e da Gajajeira, nos distritos urbanos do Sambizanga e do Rangel.
Conforme o GPL, o Plano de Reordenamento do Comércio não pretende extinguir a venda ambulante, uma vez que essa actividade é legal, consagrada na Lei, e apela à compreensão dos comerciantes e do público.