A Comissão Económica para África das Nações Unidas (ECA) fez ainda saber que dos 500 milhões de africanos que vivem sem identificação, cerca de 120 milhões são crianças que não foram registadas sob qualquer forma oficial.

Com esta iniciativa, a divulgação destes números, a ECA visa alertar para a importância da identificação como manifesto de identidade e cidadania e para o facto de os cidadãos estarem mais desprotegidos face aos abusos, sejam de que na natureza forem, incluindo os de origem nos regimes em vigor em alguns países.

Isto, porque, como explicou o director do Centro Africano de Estatística da ECA, Oliver Chinganya, a identificação torna as pessoas "mais visíveis" e, por isso, menos expostas aos abusos.

Para tornar isso claro, basta ter em conta que, em caso de qualquer crime violento, nomeadamente homicídios, a descoberta dos autores do crime é muito mais difícil se não existir qualquer registo da identidade da vítima, e ainda mais premente é esse facto nos casos de ocultação de cadáveres.

Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas para 2030 e os objectivos de desenvolvimento de África plasmados na Agenda 2063 da União Africana, prevêem a atribuição de um documento de identificação a todos os cidadãos sem excepção, mesmo que a sua concretização seja considerada muito difícil.

Recorde-se que em Angola, os dados oficiais coincidem com os agora divulgados pelas Nações Unidas, com metade dos seus quase 30 milhões de habitantes sem registo de nascimento ou bilhete de identidade.