"Proponho a todos os activistas LGBT [sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros] que o dia 11 de Fevereiro seja o Dia do Orgulho Nacional". Foi com essa frase breve, mas intencionalmente simbólica, que Imanni da Silva, conhecida activista deste movimento, celebrou, na sua página no Facebook, a aprovação do novo Código Penal angolano, que prevê, no ponto três do artigo 170.º, o agravamento das penas dos crimes contra a liberdade das pessoas, cometidos, entre outros aspectos, por causa da orientação sexual da vítima.

Mas Imanni da Silva - que há 10 anos efectuou uma cirurgia que lhe permitiu mudar o órgão sexual [masculino para feminino] - não está sozinha nos festejos. Um pouco por todo o mundo, esta nova lei angolana foi bastante aplaudida, embora não falte também quem se lhe mostre oposição, como o conhecido deputado Makuta Nkondo, que votou contra na Assembleia Nacional.

"Segundo a nossa cultura, a cultura Bantu, a homossexualidade é um crime abominável", justifica o parlamentar, que sublinha que "Deus criou o homem e a mulher" e deixa no ar as seguintes observações: "Onde é que os homossexuais arranjam filhos? Adoptar filhos nascidos da heterossexualidade? Isso é malandragem, é brincadeira. Não deviam adoptar filhos de ninguém. Deviam fazer filhos à maneira deles".

As críticas de Makuta Nkondo não parecem, no entanto, abalar a convicção de Imanni da Silva, que assegura, em declarações ao Novo Jornal, que a homossexualidade "faz parte da diversidade sexual humana, desde que o mundo é mundo", pelo que "tentar negar o facto de que civilizações africanas têm um histórico de relações entre pessoas do mesmo sexo é um reflexo do machismo e preconceito enraizados na nossa estrutura social".

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