O pai de Márcia dos Santos, assassinada à facada por elementos até agora não identificados, na centralidade do Kilamba, em Luanda - e cuja morte chegou ao conhecimento da família após localizarem a viatura da vítima devido ao dispositivo GPS -, acusa a Procuradoria-Geral da República (PGR) junto do Serviço de Investigação Criminal (SIC) de "agir de má-fé".

Em declarações ao Novo Jornal, João Carlos Calisto insiste que "existem muitas evidências" para esclarecer este crime e que isso só não acontece porque há quem queira que assim seja, assegurando que são muitas as evidências sobre quem assassinou a sua filha, como é disso exemplo o destino de uma transferência bancária..

"Estivemos várias vezes no SIC-Luanda, onde nos deram a conhecer que o caso está a 70 por cento resolvido e que o processo-crime nº 13836/2020 foi enviado à PGR, mas os procuradores alegaram que não podiam avançar com o caso porque o processo não tem pernas para andar", diz o pai da vítima.

De acordo com as palavras de João Calisto, a entravar este processo estão desentendimentos entre o SIC e a PGR.

"O director do SIC-Luanda (Receado Bambi) deu-me boas garantias, mas, a PGR, diz outra coisa. O processo-crime sobre a morte da minha filha andou em mãos de três procuradores. Os mesmos olharam o processo e disseram-me que não tem pernas para andar", relata, questionando-se: "Quais as razões que levam os procuradores a querer engavetar o processo sem que as investigações estejam concluídas?".

Clamando pela intervenção do ministro do Interior e do Procurador-Geral da República, o pai de Márcia lembra alguns detalhes que não fazem sentido.

"No dia em que foi assassinada, a Márcia chegou a fazer uma transferência de 1,2 milhões de kwanzas para a conta bancaria de alguém. O SIC-Luanda disse já saber quem é o detentor dessa conta", disse, assegurando que existem muitos "indícios do assassinato da filha" e, "questionou-se o motivo de não existir até hoje ninguém detido".

Perante este cenário, o Novo Jornal contactou o director do gabinete de comunicação institucional e imprensa do SIC-Geral, superintendente de investigação criminal Manuel Halaiwa, que garantiu que por parte do SIC, o processo não está parado e apelou aos familiares de Márcia dos Santos para manterem a calma, porque os seus operacionais não estão de braços cruzados.

"Um processo de homicídio não prescreve tão rápido, a família pode ficar tranquila porque nós trabalhamos. É compreensível que os familiares da Márcia estejam tristes e zangados devido à morosidade do esclarecimento do caso mas alguns processos são complexos e demorados. E esse está ser bem acompanhados pelos nossos operacionais", garantiu.

Manuel Halaiwa garante que a acção do SIC em torno deste caso termina apenas quando detiverem todos os intervenientes envolvidos.

De recordar que Márcia dos Santos, trabalhava na Movicel como chefe do Departamento de Finanças, foi esfaqueada na região do pescoço, no abdómen e na mão direita, e, foi encontrada também com queimaduras no seio do lado esquerdo. A vítima residia no bairro do Benfica com o marido e duas filhas.