No documento, divulgado pelo UNOCHA, o escritório da ONU para a gestão das crises humanitárias, das mais de 37 mil crianças que sofrem de malnutrição, mais de 3 300 tiveram de receber tratamento de urgências nos centros criados pelo UNICEF para o efeito nas províncias afectadas, com destaque para o Cunene, Kuando Kubango, Namíbe e Huíla.

No todo nacional, os tratamentos de urgência a crianças com menos de 5 anos severamente subnutridas elava-se a 43 mil.

Este cenário é descrito, apesar de não ser novo, quando o país acaba de anunciar a criação de um fundo de 24 mil milhões de kwanzas para a criação de uma reserva alimentar estratégica cujo objectivo único é acumular capacidade de resposta para crises alimentares graves provocadas por calamidades de diversa natureza.

Ainda no relatório do UNICEF é adiantado que o país, globalmente visto, tem cerca de meio milhão de crianças com carências graves, sendo que aqui esta agência das Nações Unidas cita números de um documento oficial da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O UNICEF detalha que o sul de Angola uma situação de crise nutricional grave devido ao impacto de factores combinados que vão da crise económica espoletada pela queda do valor do petróleo a partir de 2014, da seca que afecta as províncias austrais e a deterioração dos serviços básicos.

Diz ainda que nesta parte do território nacional o acesso à água potável é deficiente, estando dois terços dos potos de água inoperacionais, cenário que se conjuga para deixar 700 mil pessoas com graves dificuldades de subsistência.

Todavia, o UNIFEC nota que decorre uma melhoria na questão da segurança alimentar, embora note que os preços elevados dos alimentos põem em causa o esforço para melhorar os índices de malnutrição para milhares de crianças angolanas.

Cólera

A UNICEF reporta ainda que de 01 de Janeiro a 20 de Abril foram registados 873 casos suspeitos de cólera na província do Uíge, com registo de 13 mortos, estando perto de meio milhar de crianças com menos de 14 anos afectadas pelo surto desta doença.

Em Cabinda, são 50 os casos de contaminação por cólera e duas mortes confirmadas.

A agência sublinha o esforço das autoridades angolanas pela campanha de vacinação contra a rubéola, sarampo e poliomielite.