Como o Novo Jornal tem noticiado nos últimos meses, as autoridades do outro lado da fronteira, especialmente nas regiões fronteiriças de Omusati e Ohangwena, há várias semanas que pedem a intervenção das autoridades centrais dos dois países de forma a encontrar uma solução, visto que a Namíbia também se ressente fortemente da seca e a assistência aos imigrantes surge cada vez como mais difícil.
Para piorar a situação, os angolanos que atravessam a fronteira para escapar à fome e ao desemprego no sul de Angola encontram-se numa situação de ilegalidade porque as fronteiras estão encerradas devido às normas aplicadas em ambos os lados de combate e controlo da pandemia da Covid-19.
Agora, e numa altura em que também a igreja católica assume que existe um prolema sério com e pede uma intervenção célere para acudir aos milhares de angolanos que já estão no país vizinho em condições, por vezes, deploráveis, o embaixador namibiano em Angola, Patrick Nandago, numa visita à Huíla, para a 21ª Reunião Bilateral dos ministérios do Interior de ambos países, segundo a Angop, afirmou que o seu país tem as condições criadas para reabrir a fronteira com Angola e espera posição semelhante da parte angolana.
O diplomata disse mesmo que já não existe nenhum impedimento para essa reabertura das fronteiras, até porque, como o próprio avançou ainda, isso não impediu que pelo menos 10 mil angolanos tenham atravessado a linha que separa os dois países de forma ilegal para fugirem aos efeitos da estiagem.
Patrick Nandago admtiu que não existe ainda uma severa crise humanitária mas apelou a que os dois Governos encontrem uma solução.
Este problema tem estado a merecer destaque na imprensa namibiana há cerca de três meses porque milhares de jovens angolanos começam a concentrar-se nas áreas onde ainda existe oferta de trabalho, quase sempre como pastores ou como empegados domésticos, muitos dos quais a trabalhar a troco de refeições, estando a gerar alguns problemas nestas localidades, o que levou as autoridades locais, como se explica aqui, a optarem pelo repatriamento diário na ordem das centenas.
Mas uma grande maioria não consegue trabalho e, como tem sido descrito pelo Novo Jornal, aqui, aqui ou ainda aqui, vive da caridade das populações locais.
Esta situação tem sido amplamente noticiada pela imprensa namibiana, especialmente pelos media estatais, mas o mesmo, com excepção do Novo Jornal, não sucede em Angola, onde só agora o silêncio começa a ser quebrado e o assunto começa a ser abordado.