Os funcionários decidiram paralisar os trabalhos por não verem, por porte da entidade patronal, interesse em resolver os problemas que, segundo contam, já duram há mais de cinco anos.
A Unidade Técnica de Gestão do Saneamento de Luanda é a empresa do GPL encarregada de limpar as valas, esgotos e fossas das instituições públicas, bem como elaborar e implementar projectos de macro-drenagem na capital.
Ao Novo Jornal, alguns trabalhadores disseram que realizam os serviços sem as mínimas condições para a vida humana.
Alberto Sebastião, o secretário da comissão sindical dos trabalhadores da UTGSL, disse que a direcção da empresa tem vindo a descurar, há vários anos, os direitos dos trabalhadores.
"Trabalhamos há anos sem condições laborais. Não há alimentação, transporte, seguro de saúde e pagamento de horas extra. Trabalhamos aos fins-de-semana e feriados e não somos compensados", explicou.
O sindicalista assegura que a Unidade Técnica de Gestão do Saneamento de Luanda viola muitas das vezes a Lei Geral do Trabalho e desrespeita os funcionários.
"Não temos transportes que recolham o pessoal até aos seus postos de trabalho. Fazemos isso a pé ou com o nosso dinheiro de táxi. No final do mês não temos o direito a subsídio de transporte", disse.
Segundo Alberto Sebastião, o líder sindical, a direcção da empresa comprou recentemente viaturas novas para o pessoal administrativo e não considerou as reclamações da classe operária.
"Compraram-se vários Land Cruiser, V8, Nissan Patrol e Suzuki Jimny para os chefes de departamento e directores, mas não se comprou nenhuma viatura para servir de apoio ao pessoal que entra na vala, nos esgotos, que limpa as fossas e recolhe o lixo", desabafou.
Conforme o sindicalista, a direcção da empresa não se tem mostrado aberta ao diálogo para se pôr fim à situação.
Entretanto, alguns funcionários contaram que trabalham em valas ao ar livre sem equipamentos e com máquinas pesadas como se de primitivos se tratassem.
"Já fizemos várias reclamações, mas ninguém escuta", contaram os grevistas.
Sobre o assunto, o Novo Jornal tentou ouvir esclarecimento da direcção da Unidade Técnica de Gestão de Saneamento de Luanda, mas esta instituição não se mostrou disponível para o efeito.