"Os bancos devem aconselhar os seus clientes a pesquisar mercados com registos recentes de depreciação acentuada das suas moedas, reduzindo-se o efeito de transmissão da taxa de câmbio sobre o preço dos produtos alimentares aos consumidores nacionais (África do Sul, América Latina e Ásia)", recomenda o BNA num documento que sintetiza uma reunião com a Associação Angolana de Bancos realizada na passada sexta-feira.

A reunião serviu para abordar o tema da pandemia da covid-19 e medidas a adoptar, com o BNA a aconselhar "alinhamento e coordenação de ações no sector, para evitar a adopção de pacotes de medidas díspares pelos bancos".

O documento, a que a Lusa teve acesso, refere igualmente que o BNA teve "interacção recente com os grandes operadores" económicos, cujos indicadores apontam para um "stock' de alimentos importados para dois a três meses.

O BNA sugeriu o apoio da banca para iniciar "prontamente o processo de encomenda para os meses seguintes" e a manutenção de apoio aos produtores nacionais para reduzir a necessidade de recurso ao mercado externo.

Angola tem bens e produtos para abastecer o mercado durante pelo menos três meses, mas precisa de reforçar as reservas para não haver escassez, enquanto decorre a pandemia do novo coronavírus, disseram associações empresariais na semana passada.

Os operadores do sector do comércio angolano participaram em Luanda numa reunião com o ministro do Comércio para analisar a previsão de 'stock' existente para o abastecimento alimentar e elaborar um plano de contingência alimentar devido à doença covid-19.

O presidente da Associação de Empresas de Comércio e Distribuição Moderna de Angola (Ecodima), Raul Mateus, disse, após o encontro, que a reserva interna é bastante satisfatória para um trimestre, mas é necessário um reforço.

Além do reforço de 'stock', Raul Mateus defendeu a necessidade de se melhorar o sistema administrativo, "para facilitar algumas aquisições mais rapidamente" no sentido de não haver problemas dentro de três meses.

Questionado sobre se o país tem assegurada a cadeia de abastecimento de produtos importados, nomeadamente da China e Portugal, que lideram as exportações para Angola e estão afectados pela pandemia, o empresário referiu que o sector alimentar não parou de produzir.

Por sua vez, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, defendeu uma cooperação regional maior, sobretudo com a África do Sul, que tem uma capacidade de oferta muito grande, tendo em conta a crise do novo coronavírus.

"Estamos com a crise do novo coronavírus e os mercados internacionais vão-se fechando e temos que nos virar sobremaneira para aquilo que são as relações aqui na região, particularmente África do Sul e Zâmbia, e também muito para a nossa produção interna", advogou.

Angola tem três casos confirmados de infeção com o novo coronavirus.