Com a campanha eleitoral iniciada no Domingo, à medida que as horas passam, as ruas da capital angolana começam a ser submergidas pelos tons verde e preto e amarelo da bandeira do partido que governa o país desde a independência, deixando uma imagem de clara supremacia sobre as campanhas dos adversários.
Olhe-se para onde se olhar em qualquer canto da cidade de Luanda, é a bandeira do MPLA que se impõe, muito menos que o rosto do seu candidato, o general João Lourenço, o que contrasta com as campanhas anteriores, tanto em 2008 como em 2012, onde o maior partido angolano tinha na fotografia do seu presidente, e Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que agora não se recandidata, o ponto focal da sua estratégia eleitoral.
Os pequenos cartazes com o rosto de João Lourenço, fixados nos postes de electricidade, ou ainda em outdoors, alguns de grande dimensão, garantem, todavia, que o candidato do MPLA não deixa de ser apresentado ao eleitorado.
Recorde-se que durante a pré-campanha, João Lourenço visitou todas as 18 províncias do país, num esforço para se apresentar aos militantes que há 37 anos têm em José Eduardo dos Santos a cara omnipresente, tanto do ponto de vista institucional como nos actos eleitorais.
Face a esta esmagadora presença do material de campanha do MPLA, a UNITA, a segunda força partidária representada no Parlamento, segundo o seu Secretário para os Assuntos Eleitorais, Victorino Nhany, contactado pelo Novo Jornal Online, disse que também o seu partido estava fortemente representado em material de campanha em algumas áreas da capital mas foi sendo retirado ou destruído nos últimos dias.
"No município de Cacuaco, a UNITA tinha bandeiras em todas as ruas, mas com o andar do tempo as nossas bandeiras, panfletos e cartazes que ilustravam as cores do Galo Negro desapareceram na totalidade. Notamos que as nossas cores desapareceram quando começaram a surgir as bandeiras do MPLA", afirmou.
Victorino Nhany admite, contudo, que a UNITA "estava com uma ligeira dificuldade na aquisição de bandeiras e camisas devido à falta de divisas", condição que pode ter contribuído para este arranque de campanha pouco efusivo no que respeita à utilização de material de campanha, pelo menos comparativamente com o que o MPLA está a fazer.
"Atrasamos a compra de camisas, chapéus e bandeiras por falta de divisas, mas em breve teremos Luanda vestida com as cores do nosso partido", garantiu.
Por parte da CASA-CE, Lindo Bernardo Tito, um dos vice-presidentes desta coligação, em declarações ao Novo Jornal Online afirmou que o seu partido tem uma estratégia eleitoral definida para a cidade de Luanda no que diz respeito à propaganda eleitoral.
"Temos a nossa estratégia eleitoral para Luanda. Estamo-nos a organizar para atacar no bom sentido a capital do país, a CASA-CE uma força política seria e não precisamos arrancar as bandeiras de outros partidos para mantermos as nossas", acrescentou Lindo Bernardo Tito.
O responsável acusa ainda o partido no poder de estar a "usar o dinheiro do Estado" para fazer campanha e destruir bandeiras de outros partidos.
"A CASA-CE tinha um número elevado de bandeiras no município do Kilamba Kiaxi, concretamente na Avenida Pedro de Castro Van-dúnem Loy, mas todas sumiram sem deixar rasto. Hoje só há bandeiras do MPLA nas ruas de Luanda", sublinhou.
Também Benedito Daniel, presidente do PRS, garantiu ao Novo Jornal Online que as bandeiras do PRS só não estão visíveis no município de Viana, por exemplo, porque foram vandalizadas.
Em certos locais daquele município vimos as nossas bandeiras a serem "sacrificadas pelos militantes do partido no poder", disse, acrescentando: "Quem passa por Viana só encontra bandeiras do MPLA".
O Novo Jornal Online tentou sem sucesso ouvir o MPLA.