Segundo o Outlook do Banco Mundial para 2025, a inflação em Angola, que era apontada para 16,1% ainda há seis meses, agora deverá subir para uns inquietantes 25%, sendo que por detrás desta perda de viço na economia nacional está relacionado com a instabilidade global.

Com uma economia fortemente dependente das exportações petrolíferas, Angola tem oscilado fortemente a cada um destes relatórios, seja do Bando Mundial ou do FMI, o que, pelas mesmas razões sucede também com a Nigéria.

Angola, a Nigéria e a África do Sul, estas últimas as duas maiores economias do continente africano, são um peso negativo para a África subssariana, no que se explica como facto de se que sem estes três países, "o crescimento da região devia aumentar de 4% em 2024 para 4,5% este ano, acelerando ainda mais para 5,6% em 2026 e 2027" sendo na realidade o que este ano se quedará pelos 3,5% e em 2027 nos 4,3%.

O crescimento nestas três grandes economias deve acelerar de 2,5% em 2024 para 2,9% este ano, ficando-se pelos 3,1% nos próximos dois anos, e sempre abaixo do registado entre 2000 e 2019, período em que a média foi de 4,4% ao ano.

Nos países subsaarianos

De acordo com o BM, a economia subsaariana mostra sinais de estar a bater-se com denodo contra as causas globais para as quebras, sendo o consumo privado e o investimento o "combustível" para este optimismo, embora a estabilidade cambial seja igualmente apontado como factor, sem que isso suceda nas grandes economias como a angolana ou a nigeriana.

Quanto aos desafios, o rendimento per capita na região está longe de ser o ideal, com os números do BM a apontarem para cifras médias para 2025 inferiores em 2% face ao longínquo ano de 2015.

Os piores cenários do BM são dedicados aos países com conflitos em curso e aos mais dependentes das exportações de recursos naturais, o que é consistente também com a realidade angolana.

A criação de empregos permanece muito longe das necessidades da sub-região, onde, como no resto do continente, uma juventude em acelerado crescimento permanece desempregada devido à ausência de oportunidades.

Nos Palop

Quanto aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), o Banco Mundial piorou a maioria das previsões económicas de crescimento do PIB para os seis países lusófonos africanos, mantendo a Guiné Equatorial em recessão, embora menor, e antevê uma inflação maior que previa em outubro.

De acordo com a comparação feita pela Lusa entre as previsões de outubro do ano passado para 2025, e as feitas agora para este ano, só Cabo Verde e a Guiné Equatorial têm a estimativa de crescimento económico melhorada de forma significativa, mas ainda assim a Guiné Equatorial continua em recessão, que deverá ser de 3,1% em 2025, o que compara com a previsão de queda de 4,4% feita em outubro do ano passado.

No relatório, o Banco Mundial revê ainda a expansão económica de Moçambique, no seguimento da crise pós-eleitoral, de 4% para 3% este ano, piorando a inflação, de 2,8% para 5,5%, e melhora a previsão para Cabo Verde, que deverá crescer 5,9% este ano, mais um ponto percentual que a previsão feita em outubro do ano passado.

A Guiné-Bissau deverá registar uma expansão de 5,1%, praticamente igual à previsão de 5% feita em outubro, e São Tomé e Príncipe tem uma ligeira revisão em baixa, de 3,3% para 3,1%.