O investimento de 25 milhões de dólares, a zona norte de Luanda, mais propriamente no município de Viana, deu origem à primeira fábrica de detergentes, artigos de higiene pessoal e lixívias do país.

Denominada Reviva, se esmera em produzir 10 mil caixas de produto acabado diários, em três linhas de produção. Com 77 trabalhadores, dos quais quatro expatriados, repartidos nas áreas técnica, manutenção, electromecânica, química de formulação e mistura de produtos e de sopro, esta última destinada a produção de frascos, no mês transacto atingiu o pico produtivo de 70 mil caixas.

No primeiro trimestre deste ano vendeu 200 mil unidades, ultrapassando idêntico período de 2014 em 25 por cento, conforme deu a conhecer à reportagem do NJ, o director da fábrica, Luís Silva.

A capacidade instalada da fábrica é de 50 mil toneladas por ano, sendo que em termos de enchimento situa-se em seis mil frascos/hora. Embora se ressinta do constrangimento de negociar com os fornecedores refere que a actual crise económica e financeira não afecta directamente a Reviva, mas sente alguma dificuldade em negociar com os fornecedores de matérias-primas.

De acordo com Luís Silva, a Reviva nos primeiros dois anos de existência produziu maioritariamente lixivias, devendo em breve lançar uma nova marca, enquanto na área de detergentes domésticos fabrica lava loiças, lava tudo e detergentes para roupa das marcas Viva e Fada.

"Na parte de higiene pessoal dispomos da linha três onde produzimos champôs, gel banho, amaciadores para cabelo, cremes e loções das marcas Oásis, Proderma e Proactive. No final do ano teremos uma quarta linha de produção para enchimento de um produto tipo mum(anti-transpirante), um projecto que resulta de uma pesquisa de mercado depois de avaliadas as necessidades do mercado angolano", acentuou.

A laborar em três turnos por dia, a fábrica Reviva confere exclusividade à empresa Luanday para comercializar os seus produtos que depois são revendidos desde as grandes, médias e pequenas superfícies comerciais até às vendedoras de rua do comércio informal, vulgo "zungueiras", um mercado que se estima representar aproximadamente 100 milhões de dólares.

"Neste momento o único produto importado que possui é o da marca Oásis, mas que as fórmulas são angolanas, ao que Luís Silva promete muito em breve começar a produzir totalmente na fábrica, depois de instaladas as novas linhas de produção, não obstante estarem já a serem feitos testes laboratoriais e industriais", afirmou. Equipada com tecnologia de ponta de origem portuguesa, através da empresa Finomat que montou o projecto na vertente "chave na mão", a qual competirá também instalar as novas linhas de enchimento, que prevê a automatização do sistema, num investimento com custos ainda desconhecidos.

"Aqui os custos de produção ainda são elevados, sobretudo no que respeita à importação de matérias-primas, onde se impõe a necessidade de baixar os custos", frisou. Depois da automatização que tem em vista o aumento do número de linhas de produção, mantendo os mesmos trabalhadores, promete produzir mais num único turno, para equilibrar os elevados custos na importação de matérias-primas.

Sobre a qualidade dos produtos fabricados, o director da Reviva sublinha que está a nível dos padrões internacionalmente aceites, pois todos os produtos obedecem a testes de conservantes e robustez microbiológica, para garantir validade e eficácia de forma a evitar quaisquer irritações na pele de quem os consuma, mediante testes dermatológicos.

O fornecimento de água e energia eléctrica se apresenta na Reviva como um outro "handicap", porquanto no precioso líquido partilha com a unidade de refrigerantes Refriango que a submete a um novo tratamento, até alcançar o nível ultrapura e quanto a electricidade, conta com abastecimento da rede e com grupos geradores para eventuais casos de falha daquela.

Manuel Kanumbua Mendes, de 28 anos é um jovem que começou a trabalhar na Reviva há um ano e nove meses. É operador de produção, coordenador e chefe de turno. "Não é o meu primeiro emprego, mas o quarto. Venho de uma indústria de bebidas e o trabalho aqui decorre da melhor maneira, pois faço turnos da manhã durante uma semana e noutra a tarde das 6 às 14 horas e das 14 às 22 horas", sublinhou.

Segundo ele cada actividade tem o seu grau de dificuldade, pelo que o seu não tem sido tão cansativo, embora admita haver perigos no manuseamento de produtos químicos, pelo que dispõe de equipamentos de protecção que minimizam tais perigos.

Já Ditotala Zinga Sebastião, de 39 anos, casado, pai de quatro filhos. É chefe do laboratório de química da Reviva. Enfermeiro de profissão, mas que abraçou o laboratório através de estágios feitos na empresa que labuta desde a sua abertura, depois de 10 anos ao serviço do grupo Refriango. Ditotala considera gratificante trabalhar na fábrica já que é uma actividade acima de tudo controlada.

"Trabalhamos em harmonia entre nacionais e expatriados. Para trabalhar aqui foi um desafio que assumi, já que nesta função no laboratório de física e química da reviva apenas contava com pessoal estrangeiro", rematou.