Sebastião Gaspar Martins, que apresentava esta sexta-feira, numa conferência de imprensa, em Luanda, informação sobre o desempenho da empresa em 2021, coincidindo com o seu 46.º aniversário, acrescentou que a Sonangol acumula 18 activos alienados (total ou parcialmente) desde o início do Programa de Privatizações (PROPRIV) com um encaixe financeiro total de 84 milhões de dólares.

Actualmente, estão em fase de avaliação e preparação 13 activos, tendo sido abertos concursos para os hotéis Suíte Maianga, Florença, Rio Mar e Hotel de Convenções de Talatona na modalidade de cessão do direito de exploração e gestão.

Destacou ainda, no ano passado, a revitalização da Sonair (empresa de aviação) que agora está a dar apoio em algumas operações `offshore` e a renovação do contrato da Sonils (subsidiária ligada à logística) com o porto de Luanda.

Garantiu, por outro lado, que a petrolífera continua com o objectivo de vender até 30% do seu capital em bolsa pelo que prossegue o seu processo de optimização, que começou com a separação da função concessionária da actividade empresarial.

"Isso foi o início, esta empresa está a caminhar na preparação para ir para a bolsa", afirmou, sublinhando que é preciso assegurar, no entanto, que a empresa "está completamente limpa" para que as pessoas possam comprar as acções.

"Estamos a fazer esse trabalho", sublinhou, escusando-se a assumir prazos.

"Eu iria pedir um bocado de paciência porque o mais importante não deve ser a pressão de ter de acontecer este ano" e sim o facto de ser colocada em bolsa com rentabilidade suficiente, frisou.

"Há uma pressão para privatizar, mas todo o mundo sabe que há situações que precisam de ser resolvidas primeiro e é o que nos estamos a fazer", indicou o mesmo responsável, reforçando que o objectivo é "separar o que é Estado e o que é empresa".

"Deixem-nos trabalhar, deixem-nos preparar a empresa para que ela esteja realmente em condições", reforçou Gaspar Martins.

O presidente da Sonangol assumiu também que a estimativa de encaixe financeiro em torno dos 6 mil milhões de euros, apresentada no ano passado, deve ser reavaliada, tendo em conta os preços do petróleo e a disponibilidade das reservas.

"Há uma melhoria do mercado (...) isto vai implicar provavelmente uma valorização diferente das nossas reservas, daí que estamos a trabalhar na reavaliação contínua e quando chegar o momento, vamos poder partilhar [a expectativa de valor]", declarou.

Questionado sobre as intenções relativamente ao Banco Económico (ex-BESA), Gaspar Martins afirmou que, tratando-se de um activo financeiro, a Sonangol em princípio deveria estar fora dessa participação, adiantando que a petrolífera está a trabalhar com as autoridades que acompanham este processo "para perceber melhor" o que se passa com as ações que foram entregues.

A Sonangol recuperou o controlo do Banco Económico em Agosto de 2019, sendo agora o maior accionista, com 70,38% do capital do banco. A anterior estrutura accionista era constituída pela Lektron Capital (30,98%), Geni Novas Tecnologias (19,9%), Sonangol EP (16%), Sonangol Vida SA (16%), Novo Banco SA (9,72%) e Sonangol Holding Lda (7,4%).

A Geni e a Lektron Capital beneficiaram de financiamentos do Estado, através da Sonangol, para a aquisição de participações sociais no Banco Económico, segundo um levantamento realizado pelo Serviço Nacional de Recuperação de Ativos da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Posteriormente, o Banco Económico foi obrigado a um aumento de capital para cumprir as exigências do regulador angolano.

Em Janeiro, o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, aconselhou a petrolífera estatal Sonangol a acompanhar o aumento de capital do Banco Económico para permanecer na estrutura accionista da instituição financeira.

O aumento de capital do Banco Económico (BE), ex-BESA (Banco Espírito Santo de Angola) é uma exigência do banco central que consta do Plano de Recapitalização e Reestruturação aprovado em 21 de Dezembro de 2021, na sequência da avaliação feita à qualidade dos activos da banca em 2018, em que o BNA detectou deficiência a nível dos seus capitais.