O nióbio, usado no fabrico de turbinas, naves espaciais, aviões, mísseis, indústria electrónica e centrais eléctricas, mas também para produzir ligas de aço ou supercondutores, existe em quantidades substanciais na extensão de 160 mil metros quadrados prevista no projecto que teria um grande impacto socioeconómico em toda a região sul de Angola, nomeadamente na criação de emprego e na cobrança de impostos.

Poderia ainda, se for desenvolvido nos 160 mil metros quadrados previstos, com reservas calculadas em quase 200 milhões de toneladas, significar um encaixe financeiro substancial, se tomarmos como exemplo o caso do Brasil, que exportou, só em 2012, 71 mil toneladas e teve um encaixe financeiro de 1,8 mil milhões de dólares, segundo dados do Serviço Geológico brasileiro.

De acordo com o Jornal de Angola, o consórcio é constituído pela Endiama Mining, empresa pública angolana, e pela Blue Mining, empresa privada de origem holandesa, no entanto, a consulta ao Diário da República de 9 de Janeiro de 2017, data em que foi promulgada a constituição, a 23 de Dezembro de 2016, a Sociedade de Exploração de Quilengues, SA, não permite perceber quais são os accionistas nem o conselho de administração da empresa, que tem um capital social no valor de 17 milhões de kwanzas.

Um despacho assinado pelo então ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz, de 2 de Agosto aprovava o contrato de investimento mineiro e os direitos atribuídos para esta concessão à Blue Mining e à empresa pública concessionária do sector diamantífero angolano, Endiama, "agrupadas em sociedade comercial a constituir", para explorar "jazigos de nióbio" naquela área, "dado o interesse estratégico que aquele mineral apresenta".

A mesma sociedade mineira prometia investir, em Agosto de 2017, mais de 20 milhões de dólares no complexo mineral situado nas montanhas da Bonga e Tchivira, o que permitiria à região, segundo o administrador municipal de Quilengues, Armando Vieira, citado pelo JA, "catapultar o município para o crescimento, num momento em que as reformas administrativas no país apontam para as autarquias, que conferem progressivamente autonomia aos municípios".
"Enquanto autoridade do Estado, a nossa expectativa é que a exploração desse mineral raro seja viabilizada tão rápido quanto possível, para alavancar o desenvolvimento do município e criar riqueza", declarou Armando Vieira, defendendo que eventuais constrangimentos sejam ultrapassados para que, "de forma célere, a concessão dessas duas montanhas seja entregue a uma empresa idónea".

Armando Vieira explicou que a Blue Mining, a operadora da concessão, "trabalhou durante quase todo o ano de 2017, em Quilengues, para reconfirmar os estudos iniciados há cerca de cinco anos pela empresa Diodouro sobre o potencial do minério existente nas referidas montanhas" e que a "Endiama Mining e a Diodouro trabalharam em parceria com empresas chinesas e, passado algum tempo, a última desapareceu, surgindo a Blue Mining em parceria com a concessionária nacional Endiama".