A decisão foi tomada em reunião do Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola, nos dias 18 e 19 de Novembro de 2024, na cidade de N'Dalatando, província do Kuanza Norte.

O BNA assume que apesar de a trajectória descendente da inflação continuar, o seu nível mantém-se elevado, exigindo a manutenção de uma política monetária prudente, a fim de não se comprometer os ganhos alcançados e os objectivos de médio e longo prazo.

De acordo com as estatísticas das contas nacionais divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o PIB cresceu 4,3% no primeiro semestre de 2024, motivado, fundamentalmente, pelo desempenho positivo dos sectores petrolífero (4,6%), diamantífero (33,3%), transporte e armazenagem (17,2%), bem como electricidade e água (8,7%), refere o documento saído da reunião.

Tendo em conta, por um lado, a dinâmica do PIB e, por outro lado, a informação resultante do acompanhamento da actividade económica nacional, o BNA estima que o crescimento económico no final do ano venha a situar-se em torno dos 4,0%.

"A inflação mensal desacelerou para 1,55% em Outubro, face aos 1,63% observados no mês anterior, tendo a classe de Alimentação e Bebidas não Alcoólicas contribuído com 1,01 ponto percentual, representando 64,81% da inflação total.

O BNA destaca que, 24 dos 732 produtos que compõem a matriz do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) foram responsáveis por 57,86% da inflação observada, equivalente a uma contribuição de 0,90 pontos percentuais, com realce para o pão de trigo (0,12 pontos percentuais), o arroz grão longo (0,09 pontos percentuais), o arroz grão médio e o carapau fresco e congelado (ambos com 0,08 pontos percentuais).

A inflação homóloga manteve o seu percurso descendente pelo terceiro mês consecutivo, situando-se em 29,17% em Outubro, face aos 29,93% do mês anterior, tendência que deverá prosseguir nos próximos meses, afirma o Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola, acrescentando que as condições prevalecentes na economia, marcadas pela disponibilidade de uma maior oferta de produtos de amplo consumo associadas às condições monetárias adequadas e à relativa estabilidade da taxa de câmbio têm contribuído para a desaceleração da inflação.

"A condução da política monetária em 2024 tem ocorrido num contexto macroeconómico desafiante, caracterizado pela irregularidade na oferta de bens, a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis, os ajustes dos preços de comunicação, transporte e educação, assim como a persistente subida de preços da classe de saúde, perspectivando-se que a inflação no final do ano se situe em torno de 27%", lê-se no documento.

No domínio monetário, a Base Monetária em moeda nacional expandiu 5,66% no mês de Outubro, levando a expansão acumulada desde o início do ano para 15,07%. A variação homóloga fixou-se em 31,84%.

Todavia, o agregado monetário M2, em moeda nacional, contraiu 2,36% no mês de Outubro e a variação acumulada fixou-se em 5,29%. Em termos homólogos, a expansão do M2 foi de 13,81%.

O stock de crédito à economia, em moeda nacional, atingiu 5,48 biliões de Kwanzas em Outubro, representando um aumento de 2,64% face ao mês de Setembro e uma variação acumulada de 19,90% desde o início do ano, ou seja, 908,70 mil milhões de Kwanzas em termos absolutos. A variação homóloga situou-se em 26,55%, expõe o BNA.

No sector externo, o saldo da conta de bens atingiu em Outubro 1,62 mil milhões de dólares dos Estados Unidos, perfazendo um total de 19,18 mil milhões de dólares dos Estados Unidos em termos acumulados, o que corresponde a um aumento relativo de 7,36%, ou seja, 1,31 mil milhões de dólares dos Estados Unidos, quando comparado ao período homólogo de 2023.

A melhoria do superavit da conta de bens em termos homólogos deveu-se ao efeito combinado da redução das importações em 8,82% (1,11 mil milhões de dólares dos Estados Unidos) e do aumento das receitas de exportação em 0,67% (204,29 milhões de dólares dos Estados Unidos).

O stock das Reservas Internacionais em Outubro fixou-se em 14,75 mil milhões de dólares dos Estados Unidos, o que corresponde a um grau de cobertura de 7,84 meses de importação de bens e serviços. A redução das reservas internacionais, comparativamente ao mês anterior, deveu-se à venda de 250 milhões de dólares dos Estados Unidos ao mercado. Contudo, diz o Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola, perspectiva-se uma recuperação do nível das Reservas Internacionais que levaria ao aumento do seu stock para cerca de 15 mil milhões de dólares dos Estados Unidos no final do ano.