Segundo a Associação dos Empresários do Cunene, a AGT, órgão responsável pela arrecadação de receitas e pelo controlo aduaneiro em Angola, tem estado a cobrar, "estranhamente", impostos de há quatro anos, cujos valores chegam a atingir mais de 200 milhões de kwanzas, e a bloquear contas de empresários.
Conforme a associação, há dois meses, a AGT notificou as empresas para justificarem os impostos de 2019, o que as empresas fizeram.
Ao Novo Jornal, Orlando Chiyelekeni, presidente da Associação dos Empresários do Cunene, disse que quase todas as empresas entregaram a contabilidade, mas a AGT não aceitou os documentos, alegando que "as facturas são de leis anteriores", não validando as despesas.
Segundo este responsável, a AGT tem estado a recusar comprovativos reais e a efectivar as dívidas, mesmo sabendo que foram estas as facturas que as empresas receberam das instituições onde adquiriram as mercadorias.
"A AGT não quer validar as nossas facturas, e validam ilegalmente dívidas que não correspondem à verdade", referiu.
Orlando Chiyelekeni assegura que a situação tem estado a destruir as empresas a nível da província do Cunene.
Conforme a associação, não é normal que a nível do Cunene todas as empresas estejam desorganizadas.
"Não é normal que numa província, todas as empresas estejam na mesma situação. É impossível", salienta.
Os empresários, que recentemente endereçaram uma carta à ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, manifestam profunda preocupação e indignação com "inúmeras irregularidades" praticadas por funcionários da AGT.
Ao Novo Jornal, a associação assegura que a situação se tornou "insustentável" com o bloqueio de contas das empresas, por isso, decidiram fechar as portas por dois dias, isto é, quinta e sexta, para manifestarem descontentamento.
Os empresários ponderam sair às ruas nos próximos tempos, caso as autoridades não revertam a situação.
Entre os vários estabelecimentos fechados devido ao protesto, estão lojas, cantinas, supermercados, empresas de transportes de mercadorias e de passageiros e postos de combustível.
Sobre o assunto, o Novo Jornal contactou a AGT, esta manhã, que prometeu emitir um comunicado a qualquer momento, mas salienta que as cobranças de há quatro anos são legais e que a AGT não trabalha à margem da lei.