A forma como o Banco Millennium Atlântico quantificou a dívida da firma Genea - administração, Incorporações e Participações, Limitada, que envolve o financiamento para a construção do Ginga Shopping e do edifício Victoria Office, e que fruto disso o Tribunal Provincial de Luanda anunciou que no dia 30 de Maio, às 11 horas, será aberta a proposta de venda dos estabelecimentos, com o fim de se realizar o pagamento da dívida acima de 16 mil milhões de kwanzas (40 milhões de dólares), que a Genea tem junto do banco, forçou a construtora a mover, também, um processo em tribunal contra a sexta maior instituição bancária em activos do mercado, informou a Genea Angola ao Novo Jornal.

De acordo com a construtora, "para além do processo movido pelo Banco Millennium Atlântico, a Genea moveu contra o banco a Acção Declarativa de condenação Proc n.º 280/20 - F 3.ª Sessão, devido à forma que o banco quantificou a dívida, uma vez que o mesmo não considerou as orientações do BNA [Banco Nacional de Angola], para que os contratos em moeda estrangeira (USD) [dólares americanos] devessem ser convertidos para a moeda nacional (o Kwanza), e do mesmo modo não considerou o desequilíbrio económico-financeiro do contrato".

A informação da Genea chegou ao Novo Jornal em forma de "nota de esclarecimento" no dia 17 de Maio, na sequência da notícia veiculada por este semanário, na edição da semana passada, com o título "Ginga Shopping e Victoria Office colocados à venda para pagar «calote» da Genea ao Millennium".

Conforme a nota da Genea, a verdade é que a firma sofre as "intempéries da mudança brusca da economia nos últimos anos, em que o dólar se valorizou em cerca de 342,95%, entre a tomada do empréstimo [em Outubro de 2011] e a data prevista para a liquidação [Abril de 2022], contra uma desvalorização de 38% dos activos imobiliários no mesmo período".

No documento, a Genea diz que Millennium está longe de sofrer um "calote" da construtora. "O certo é que o banco mutuante detém todas as garantias necessárias para o mútuo concedido e hoje caberá ao Judiciário - em que a Genea deposita a mais irrestrita e absoluta confiança - resolver a situação em que se encontram as partes".