Com esta alteração, Jinping pode ser o primeiro líder chinês desde Mao Tse Tung (Mao Zedong), que governou o país até 1976, por quase três décadas, a permanecer no cargo por mais de dois mandatos.
A Constituição foi emendada em 1982, sob a presidência do reformista Deng Xiao Ping, para evitar os excessos cometidos durante o longo reinado de Mao, podendo agora esse que foi um ténue momento democrático na história da China comunista ser revertido para dar a Xi Jinping todo o palco sem restrições temporais para o exercício do poder.
Recorde-se que o segundo mandato de Xi terminará em 2023, findo o qual pode voltar a ser indicado para o lugar se a alteração constitucional seguir o seu caminho conforme está previsto e segundo aquilo que foi anunciado pelo próprio PCC.
Isto só foi possível porque, como referem analistas da política interna chinesa, Xi foi capaz de, ao longo dos últimos anos, limpar o caminho dos seus adversários, ficando sem oposição à medida que agora o partido se prepara para aplicar.
Para contornar a censura nas redes sociais, os críticos a esta alteração da Constituição estão a recorrer a analogias com imagens conhecidas e sons, como, por exemplo, o aviso sonoro automático de algumas viaturas de serviços na China: "Atenção, o veículo está em marcha-atrás", querendo significar que o PCC está a em retrocesso na sua abertura, mesmo que ténue, verificada nas últimas décadas, com o regresso eventual do poder absoluto concentrado num homem só.
Os analistas admitem que o mais provável é que o poder de XI se transforme em poder vitalício e que isso possa gerar uma transformação radical nos processos de entronização do poder porque já não se trata de um cenário em que uma eventual má escolha pode ser alterada em ciclos curtos mas sim a escolha de lideres que podem manter-se no poder por décadas a fio.
E há ainda quem admita a possibilidade de esta alteração ser uma plataforma para relançar a China como potência militar global por forma a indicar aos adversários/inimigos que os palcos
Isto, porque o Presidente chinês é, ao mesmo tempo, secretário-geral do PCC e chefe máximo de todo a estrutura militar e de segurança, interna e externa, do país.