No dia em que o seu "chefe", o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, iniciou um périplo pelos continente africano, que, depois da África do Sul, o vai levar ainda à RDC e ao Ruanda, Linda Thomas-Greenfield desferiu um aviso sem precedentes aos países africanos, deixando no ar a ideia de que também podem ser abrangidos pelas sanções impostas sobre a Rússia se não abdicarem das ligações que mantêm como Moscovo.
"Advirto os países africanos para não se envolverem com países sancionados pelos Estados Unidos", disse Linda Thomas-Greenfield, num discurso que foi enviado hoje à Lusa pela embaixada norte-americana em Maputo.
Linda Thomas-Greenfield falava durante as visitas de trabalho que realizou a três países africanos na última semana, nomeadamente Gana, Cabo Verde e Uganda.
Segundo a Lusa, a diplomata norte-americana disse, no entanto, que "os africanos têm o direito de decidir as suas posições de política externa, livres de pressão e manipulação, livres de ameaças" mas lembrando que "anteriormente mais de 190 milhões de pessoas viviam em insegurança alimentar após a covid-19" e que, "desde a invasão em larga escala na Ucrânia, estimamos que esse número pode subir para 230 milhões".
"O facto é que isto prejudica África", frisou a diplomata, lembrando que a Rússia e a Ucrânia fornecem mais de 40% do suprimento de trigo ao continente.
Estas palavras de Linda Thomas-Greenfield surgem no mesmo dia que o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, o Secretário de Estado Antony Blinken está na África do Sul, de onde seguirá depois para a República Democrática do Congo (RDC) e Ruanda, para procurar desvitalizar a crescente influência da Rússia, cujo chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, esteve no continente há cerca de duas semanas, e da China, face a perdas evidentes de terreno nesse capítulo de Washington e dos seus aliados europeus, antigas potências coloniais, como a França e o Reino Unido.