Com os militares que fazem parte há anos da missão de paz da ONU na RDC, a MONUSCO, vão igualmente os helicópteros e o equipamento militar que com eles chegaram ao país.

Esta saída das forças ucranianas do contingente de "capacetes azuis" da ONU na RDC ocorre depois de o Governo de Kiev ter anunciado que todos os seus militares inseridos em missões de paz no exterior seriam chamados ao país para ajudar a combater as forças russas que entraram na Ucrânia a 24 de Fevereiro.

O anúncio desta saída dos ucranianos da MONUSCO foi feito pelos serviços de comunicação da ONU na RDC, tendo igualmente sido avançado que estes militares estão, essencialmente, colocados na região de Goma, a capital do Kivu Norte, uma das regiões do país mais fustigadas pelas guerrilhas cujos ataques a populações civis se repetem diariamente.

Esta geografia congolesa, no leste do país, com fronteira com o Uganda e o Ruanda, é uma das mais sujeitas à violência de guerrilhas, algumas delas com origem nos países vizinhos, como as ADF, do Uganda, que estão actualmente sob domínio de elementos jihadistas do estado islâmico provenientes do Magrebe e do Sahel, com um impulso evidente no grau de violência a que as populações locais são sujeitas.

A RDC é, de longe, o país com mais ucranianos envolvidos em missões de paz, incluindo militares, policiais e pessoal administrativo, com 250, sendo que o total que a Ucrânia tem disperso pelo mundo, em seis missões de paz, não ultrapassa, segundo a Reuters, as 300 pessoas.

Contexto

A 24 de Fevereiro, depois de semanas de impaciente expectativa, as forças russas iniciaram a invasão da Ucrânia por vários pontos, tendo o Presidente russo dito que se tratava de uma "operação especial", sublinhando que o objectivo não é a ocupação do país vizinho mas sim a sua desmilitarização e assegurar que Kiev não insiste na adesão à NATO, o que Moscovo considera parte das suas garantias vitais de segurança nacional, criticando fortemente o avanço desta organização de defesa para junto das suas fronteiras, agregando os antigos membros do Pacto de Varsóvia, organização que também colapsou com a extinção da URSS.

Moscovo visa ainda garantir o reconhecimento de KIev da soberania russa da Península da Crimeia, integrada na Rússia, depois de um referendo, em 2014, e ainda a independência das duas repúblicas do Donbass, a de Donetsk e de Lugansk, de maioria russófila, que o Kremlin já reconheceu em Fevereiro.

Do lado ucraniano, a visão é totalmente distinta e Putin é acusado de estar a querer reintegrar a Ucrânia na Rússia como forma de reconstruir o "império soviético", que se desmoronou em 1992, com o colapso da União Soviética.

Esta guerra na Ucrânia contou com a condenação generalizada da comunidade internacional, tendo a União Europeia e a NATO assumido a linha da frente da contestação à "operação especial" de Putin, que se materializou através de bombardeamentos das principais cidades, por meio de ataques aéreos, lançamento de misseis de cruzeiro e artilharia pesada, e com volumosas colunas militares a cercarem os grandes centros urbanos do país.

Na reacção, além da resistência ucraniana, Moscovo contou com o maior pacote de sanções aplicadas a um país, que está a causar danos avultados à sua economia, sendo disso exemplo a queda da sua moeda nacional, o rublo, em mais de 60%.

Estas sanções, que já levaram as grandes marcas mundiais a deixar a Rússia, como as 850 lojas da McDonalds, abrangem ainda os seus desportistas, artistas, homens de negócios...

O histórico recente desta crise no leste europeu pode ser revisitado nos links colocados em baixo, nesta página, inclusive as suas consequências económicas, como o impacto no negócio global do petróleo.