O Partido Bharatiya Janata (BJP), de Modi, e os seus aliados conquistaram pelo menos 272 de um total de 543 assentos parlamentares, de acordo com os resultados publicados no 'site' da Internet da Comissão Eleitoral indiana, havendo alguns círculos eleitorais ainda por contabilizar.
O BJP ganhou, sozinho, 224 mandatos e foi o mais votado em mais 16 círculos eleitorais, num total estimado em 240, mantendo-se, por uma grande margem, o maior partido no parlamento, mas abaixo dos 303 lugares alcançados nas eleições de 2019.
O Partido do Congresso, a principal formação da oposição, obteve 88 mandatos parlamentares e ficou em primeiro lugar em mais 11 círculos eleitorais, num total estimado em 99, quase o dobro dos 52 lugares que conquistou há cinco anos.
O primeiro-ministro, Narendra Modi, já declarou a vitória da sua aliança nas eleições gerais indianas, afirmando ter conquistado um mandato para fazer avançar a sua agenda, apesar de o BJP ter perdido lugares para uma oposição mais forte que o esperado, que se opôs ao seu historial económico de resultados díspares e à sua política polarizadora, centrada numa retórica contra os muçulmanos, que constituem 14% da população.
"A vitória de hoje é a vitória da maior democracia do mundo", declarou Modi à multidão na sede do BJP, afirmando que os eleitores indianos tinham "demonstrado uma enorme fé" tanto no seu partido como na sua coligação, a Aliança Democrática Nacional.O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, reivindicou hoje a vitória do seu partido e aliados nas eleições gerais, mas com uma maioria parlamentar reduzida, o que já foi caracterizado pela oposição como "castigo".
A Índia confiou na coligação no poder "pela terceira vez consecutiva", escreveu Modi na rede social X (antigo Twitter), acrescentando que continuará o "bom trabalho realizado na última década para continuar a satisfazer as aspirações do povo".
"Este é um facto histórico na história da Índia", frisou Modi, numa referência à sua terceira vitória eleitoral consecutiva.
Depois de alguns analistas e as sondagem à boca das urnas anteverem uma vitória clara de Modi e do seu partido nacionalista hindu, o Partido Bharatiya Janata (BJP), os resultados preliminares indicam que uma maioria absoluta só deverá ser possível em coligação.
O Congresso, principal partido da oposição indiana, deverá quase duplicar o seu número de assentos parlamentares, graças, sobretudo, a acordos para apresentar candidatos individuais.
Foi apenas a segunda vez que um líder indiano conseguiu ser eleito para um terceiro mandato, depois de Jawaharlal Nehru, o primeiro primeiro-ministro do país.
Além disso, foi a primeira vez, desde que chegou ao poder, em 2014, que o seu partido não conseguiu assegurar a maioria sozinho, pelo que precisará do apoio dos outros partidos da sua coligação -- o que representou um desaire surpreendente para o governante de 73 anos, que esperava uma vitória esmagadora.
Mais de 640 milhões de votos foram depositados nas urnas, na maratona eleitoral realizada num período de seis semanas - o maior exercício democrático do mundo.
Perante a queda do apoio ao BJP, a oposição afirmou que também tinha obtido uma espécie de vitória, com o principal partido da oposição, o Congresso, a afirmar que as eleições foram uma "derrota moral e política" para Modi.
"Isso é uma vitória do povo e uma vitória para a democracia", declarou o presidente do Partido do Congresso, Mallikarjun Kharge, à comunicação social.
Apesar do revés, Modi comprometeu-se a cumprir a sua promessa eleitoral de transformar a economia da Índia, a terceira maior do mundo, e a não se esquivar a pôr em marcha o seu programa.
Afirmou que irá impulsionar a indústria de Defesa da Índia, promover o emprego para os jovens, aumentar as exportações e ajudar os agricultores, entre outras coisas.
"Este país assistirá a um novo capítulo de grandes decisões. Esta é a garantia de Modi", sublinhou, falando na terceira pessoa.
Muitas das políticas nacionalistas hindus que Modi instituiu ao longo dos últimos dez anos também se manterão em vigor.
Antes de Modi chegar ao poder, a Índia teve Governos de coligação durante 30 anos.
Durante a sua década como primeiro-ministro, Modi alterou a paisagem política da Índia, transformando o nacionalismo hindu, outrora uma ideologia marginal no país, na corrente dominante, o que deixou o país profundamente dividido.
Os seus apoiantes consideram-no um líder forte, que subiu a pulso na vida e melhorou a posição da Índia no mundo; os críticos e opositores afirmam que a sua política hinduísta gerou intolerância no país e que a economia, uma das que mais rapidamente têm crescido no mundo, se tornou mais desigual.
Sob a batuta de Modi, os seus detratores sustentam que a democracia indiana se encontra sob cada vez maior pressão, com a utilização de táticas de braço-de-ferro para subjugar os opositores políticos, esmagar os meios de comunicação social independentes e silenciar a dissidência -- acusações rejeitadas pelo seu Governo, que afirma que a democracia floresce no país.
O descontentamento com a economia também tem vindo a aumentar com Modi: apesar de as bolsas de valores atingirem máximos históricos, o desemprego juvenil disparou, com apenas uma pequena parte dos indianos a beneficiar do crescimento económico e os restantes a braços com o desemprego, a inflação e a desigualdade.