O ataque, segundo a televisão Al Jazeera, fez mais de 40 mortos e largas dezenas de feridos, muitos deles com extrema gravidade, citando testemunhas que relatam o caos absoluto após a passagem dos aviões israelitas.
O campo atacado, nos limites da cidade de Khan Younis, é um dos vários que Israel forçou depois de expulsar as populações tanto do norte como do sul do território de Gaza, ao longo dos mais de 11 meses de invasão.
Com a chegada da luz da manhã, as imagens colhidas pelos jornalistas que ainda sobrevivem em Gaza, depois de Israel já ter assassinado mais de 150, mostram uma imensa cratera (ver foto) no local onde antes estavam dezenas de famílias em tendas improvisadas e sem qualquer tipo de protecção.
Uma das testemunhas, que a Al Jazeera cita como Attaf al-Shaar, relata que a maior parte dos corpos foi encontrada sob as areias do local, quase nenhum intacto, tal foi a força das explosões sentidas no campo de refugiados de Al-Mawasi, situado na costa.
Al-Mawasi é um campo de refugiados que foi definido pelos próprios israelitas como uma "zona segura", o que levou para ali centenas de famílias que acreditavam estar a salvo, o que deixa em suspenso a possibilidade de se estar perante uma armadilha, como relata uma testemunha, que sugere ter Israel concentrado as pessoas para este efeito.
Após este ataque, como cita o jornal português Diário de Notícia, procurando explicar esta mortandade, colocando-se ao lado de Israel, afirmando que um dos seus aviões "atingiu os principais terroristas do Hamas que operavam a partir de um centro de comando e controlo dentro da zona humanitária de Khan Younes", ou seja, no campo de refugiados agora atingido.
O Hamas já veio afirmar que não havia qualquer elemento desta organização naquele campo de refugiados.
O conflito em Gaza, que não pode ser considerado uma guerra, opõe, desde 07 de Outubro de 2023, após o ataque dos combatentes palestinianos ao sul de Israel, as Forças de Defesa de Israel (IDF) e os militantes armados do Hamas.
Os combates entre o mais moderno Exército do Médio Oriente, equipado com os mais sofisticados aviões norte-americanos, artilharia pesada, marinha e mais de 350 mil militares, e acesso ilimitado aos arsenais dos EUA e, segundo diferentes fontes, entre 50 mil e 70 mil combatentes do Hamas e da Jihad Islâmica, armados com armas ligeiras e lança-roquetes, travam-se em toda a Palestina, de Gaza à Cisjordânia.
Mas foi em Gaza que Israel apostou quase todas as fichas, varrendo à bomba o território, destruindo praticamente todas os edifícios que albergavam mais de 2,3 milhões de habitantes, em cerca de 365 kms2 - uma faixa de 40 kms de extensão por nove de largura junto ao Mediterrâneo Oriental -, o que perfaz uma das mais altas densidades habitacionais do mundo.
Nestes cerca de 11 meses de conflito, após o ataque dos combatentes palestinianos a Israel do 07 de Outubro, deixando um rasto de mais de 1000 mortos, na sua maioria militares, mas também largas dezenas de civis inocentes israelitas, levando perto de 200 reféns para Gaza, as IDF já mataram perto de 41 mil civis palestinianos, entre estes cerca de 22 mil crianças, sendo os restantes quase todos idosos e mulheres.
Dos três objectivos ralados pelo primeiro-ministro israelita, Benjamein Netanyhau, apesar da disparidade de forças e meios militares no terreno, nenhum deles foi alcançado, que eram libertar todos os reféns, aniquilar de vez o Hamas e garantir que Gaza não voltaria a ser uma ameaça para Israel.
Perante uma tremenda pressão interna e externa, Netanyhau procura resistir no poder porque disso depende não apenas a sua sobrevivência política, como terá de responder em diversas frentes logo que a guerra termine ou deixe o cargo de primeiro-ministro.
Entre essas frentes (ver links em baixo nesta página) estão problemas na justiça, onde está acusado de crimes graves de corrupção, entre outros, e o mais grave de todos que é a suspeita cada vez mais ruidosa de que o ataque do Hamas de 07 de Outubro não passou apenas negligentemente desapercebido à intelligentsia mais apurada do mundo, terá mesmo sido incentivado.