Vladimir Putin disse a norte-americanos e europeus que têm mostrado dúvidas sobre as reais capacidades do Oreshnik para escolherem um alvo na Ucrânia e ali colocarem todos os sistemas de defesa antiaérea que quiserem, dos mais antigos aos mais modernos.
E, depois, continuou o chefe do Kremlin, em Moscovo, durante a conferência de imprensa de balanço anual da vida política, económica e cultural da Rússia, que já se transformou num "happening" global, as forças russas dispararão a sua "avelã" contra esse alvo.
Garantiu que o alvo será atingido, sendo impossível de travar por quaisquer que sejam, na quantidade que for, os sistemas de defesa antiaérea escolhidos pelos países da NATO para o impedir.
Numa conferência de imprensa que se repete desde 2001, aberta a todos os jornalistas do mundo que se inscreverem, o maestro do xadrez político-militar russo apelidou este estranho desafio de "duelo de alta tecnologia do século XXI" entre a Rússia e o Ocidente.
"Eles que escolham o local, qualquer tipo de infra-estrutura na Ucrânia, desloquem para lá todos os sistemas de defesa antiaérea que quiserem e tenham e nós atacaremos com o Oreshnik... Veremos então o que acontecerá", disparou Putin contra uma pergunta feita por um dos jornalistas presentes sobre as reais capacidade da "avelã".
O Oreshnik, que os analistas militares ocidentais consideram tratar-se de uma evolução de um míssil nuclear balístico intercontinental (ICBM) para um projéctil hipersónico (até 20 vezes a velocidade do som) de alcance intermédio, com a capacidade de transportar seis ogivas independentes convencionais com seis sub-munições cada uma.
Esta arma foi mostrada pela primeira vez no mês passado, contra uma unidade fabril em Dnipro, apenas como demonstração da capacidade, sem incorporar explosivos nas suas 30 munições emanadas das seis ogivas secundárias do Oreshnik.
O disparo foi justificado pelo Kremlin como a resposta russa à autorização norte-americana para uso dos misseis ATACMS contra alvos na profundidade do território da Federação Russa.
Uma das razões para Putin er feito estas declarações é mostrar, depois de Kiev ter ordenado o atentado contra o general Kirillov, esta semana, em Moscovo, que quando quiser e se assim o entender, poderá decapitar o regime ucraniano porqe tem os meios necessários para isso.
Mas esta conferência de imprensa de Putin, como, de resto, sempre sucede, embora esta seja claramente das mais suculentas de sempre, tinha outras estranhezas para mostrar.
O Presidente russo disse ainda que sabe tudo o que se passa na Ucrânia, porque tem lá gente que conta tudo, que fala sobre o que se passa e informa sobre tudo o que a Rússia pretende saber, porque querem livrar o seu país do regime nazi de Zelensky e companhia.
E deu um exemplo, a propósito da deslocação de sistemas de defesa antiaérea norte-americanos THAAD, os mais sofisticados e de longo alcance disponíveis no ocidente, para os países europeus, garantindo que ficam muito longe de poderem travar os seus Oreshnik.
E se estes sistemas forem enviados por Washington para a Ucrânia, como o Presidente Volodymyr Zeçensky tem pedido de forma insistente, Putin disse que, nessa circunstância, os russos pedirão informações aos aliados que tem dentro do Estado ucraniano para encontrar forma de os anular.
"Se o ocidente enviar sistemas THAAD para a Kiev, pediremos aos nossos rapazes na Ucrânia para nos darem informação sobre as soluções técnicas que permitam anular esses mesmos sistemas", garantindo que não se trata de uma piada.
"Digo isto sem qualquer ironia. Temos pessoas com quem falar na Ucrânia, temos lá as nossas pessoas que, como nós, sonham em livrar o país do regime neo-nazi", acrescentou.
Sobre a frente de guerra, Putin não disse quando poderá garantir a expulsão dos ucranianos da região de Kursk, invadida em Agosto deste ano, com as forças de Kiev a conseguirem manter ainda parte do território sob seu controlo.
Notou, todavia, que não restam dúvidas de que as forças "inimigas" serão expulsas das fronteiras russas a seu tempo e em definitivo.
Nem sequer aceitou abordar um calendário para concluir a sua "operação militar especial" na Ucrânia, sublinhando que as suas forças estão a conseguir os resultados pretendidos e planeados.
Quanto à economia russa, quando os media ocidentais e também nos russos, começam a evidenciar crescentes dificuldades e efeitos severos das sanções ocidentais aplicadas ao longo destes quase três anos de guerra, o líder russo admitiu haver sinais inquietantes no que toca à inflação, que já atingiu os 9,3%.
Mas quanto ao quadro global, Putin garantiu aos jornalistas presentes que é "robusta e estável", dando como exemplo a subida de 9% nos salários praticados no país.
Apontou como positivo o crescimento da economia nacional nos 4%, bastante acima da média dos países ocidentais.
Sobre eventuais negociações, Vladimir Putin disse que falará com o Presidente dos EUA quando este for Donald Trump, em qualquer altura, e não descartou a possibilidade de falar com Zelensky desde que este se submeta a eleições no seu país que deveriam ter acontecido em Maio mas foram proteladas ao abrigo da Lei Marcial existente na Ucrânia.