Era preciso levar estratégia e influência para um palco relativamente novo em termos geopolíticos, mas que concentrava em si uma das mais antigas civilizações e um dos maiores centros de negócio do mundo.
Para os americanos, que Caetano Veloso ousou chamar numa das suas composições de velhos homens humanos, era importante levar a paz para criar conflito e era importante elevar a crença de que apenas eles podiam unir, dispersar, manipular e melhor reinar.
Ao descobrir-se o petróleo no Médio Oriente, entre o final do séc. XIX e o início do XX, revelou-se que havia ali a maior reserva mundial, e isso foi mais do que suficiente para que, no final dos anos 40, os americanos se atirassem às dunas e instalassem as suas companhias de exploração.
Aliado a este facto, está o surgimento do Estado de Israel, que foi um relevante denominador para a sua presença na região. Sem terem as cartas desvendadas pelos deuses ou enternecidos pelas 1001 noites, conseguiram ser vistos como os garantes da estabilidade.
Com a força da indústria do petróleo, assistiu-se ao nascimento de novas revoluções e revolucionários que, alimentados pelos blocos imperialista e socialista, desabrocharam radicais seduzidos pela promessa da prosperidade.
Mas é claro que isso não podia ser tão simples assim, manobrar fantoches pode ser um desígnio doce e de boa vontade, pode até não ser algo de outro mundo, mas o mundo árabe é que era completamente outro para os ianques.
O que aconteceu a seguir é a previsão da Odisseia de Homero, é o não saber que torna impossível evitar que a mesma coisa aconteça novamente. É a excepção, a liberdade e a tolice da fé no silêncio que faz ruído.
Invadir o Golfo Pérsico, ocupar Bagadad ou prover a Primavera Árabe é parte de uma infra-estrutura colossal, egoísta e complicada, que tornaram os Estados Unidos num grande disseminador e refém do terrorismo.
Depois de uma presença caótica no Afeganistão, os americanos saíram com os pés entre as mãos com o último avião a levantar voo no dia 30 de Agosto. Deixaram para trás um rasto de 20 anos com mais de 47 mil afegãos mortos, mais de 2 mil soldados tombados, adventos de insurgentes com ordem para matar, aniquilar, aterrorizar e mostrar que a nova ordem mundial é um regime indefinido, um ditame quebrado caído em desgraça.
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