As projecções são ainda mais ambiciosas. A BAL estima ultrapassar os 700 mil empregos e gerar mais de 5 mil milhões de dólares nos próximos anos. Junta-se a isso um crescimento explosivo do consumo digital e da audiência global: o basquetebol africano atrai novos mercados, novos investidores e novas marcas que não querem perder esta oportunidade emergente.
A questão que importa agora é: onde está Angola neste novo jogo económico?
Somos uma referência histórica do basquetebol africano. Doze títulos continentais, uma cultura desportiva enraizada e uma base de adeptos apaixonados. Contudo, dentro desta nova economia do desporto, Angola tem vivido no banco de suplentes. O País não possui dados estruturados sobre o impacto económico do sector. Não sabemos, com rigor, quantos empregos o desporto gera, quanto contribui para a arrecadação fiscal ou quanto dinheiro circula na restauração, transportes, hotelaria e comércio nos dias em que os pavilhões enchem.
Se assim é continuamos a decidir por intuição, não pela evidência dos números. E, enquanto não medirmos o que produzimos, continuaremos a subestimar o potencial económico do desporto. O resultado é um paradoxo difícil de aceitar: Angola domina o basquetebol dentro do campo, mas ainda não compreendeu plenamente a economia que o basquetebol pode movimentar fora dele.
Mas algo está a mudar - e rapidamente. Angola será anfitriã de uma janela da BAL e, sobretudo, da fase final da competição em 2027. Esta oportunidade pode representar um impulso económico transversal: turismo desportivo, emprego jovem, criatividade e entretenimento, visibilidade internacional e captação de investimento privado. A economia circular que um grande evento desportivo gera é significativa e contínua.
A verdadeira questão é se vamos preparar-nos para colher este retorno. O País que liderou África em títulos tem agora a oportunidade de liderar também na monetização da sua paixão desportiva. Isso exige uma nova abordagem: criação de um Observatório Nacional da Economia do Desporto, envolvimento das universidades na recolha de dados e profissionalização das cadeias produtivas associadas ao desporto. Exige, sobretudo, visão de Estado: integrar o desporto no plano de diversificação económica e no combate ao desemprego juvenil.

O mundo está a mudar e o basquetebol africano está a transformar-se num produto de elite. A BAL abriu a porta. Cabe a Angola decidir se a atravessa com ambição ou se fica a assistir ao jogo como mero espectador.
O futuro económico do desporto africano já começou. É preciso escolher: queremos liderar ou continuar sentados no banco? n
*Jurista e Presidente do Clube Escola Desportiva Formigas do Cazenga