Alguém das altas estruturas do MPLA intercedeu por ele no aeroporto para o ajudar a sair de lá. Ele estava sereno e inspirava calma quando chegou lá a casa. Apesar da sua inquietação interior que só mais tarde pude compreender em pleno. Voltei a testemunhar esta imagem de calma e serenidade alguns meses mais tarde, durante os tiroteios quase diários que se seguiram nos meses seguintes. Nós, os miúdos, agachados no chão da casa de banho e o Kota a andar de um lado para o outro. Sempre com a sua pasta de médico na mão. Ele não a largava.

Revolta Activa... Mas o que é que era essa tal de Revolta Activa? - perguntava-me. O tempo permitiu que ouvisse em primeira pessoa o que foi e porque nasceu a Revolta Activa. Essa narrativa foi sendo enriquecida pela observação directa dos acontecimentos. Da forma como se estruturava o Estado e a República Popular de Angola. O 27 de Maio. O ostracismo mais ou menos visível a que estava votado o nosso tio. E por inerência toda a nossa família. A hostilidade era omnipresente.

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