É daquelas histórias que têm pano para manga pois não são esclarecidos todos os factos e ficam perguntas a pairar no ar. Apenas é conhecido o desfecho: nem todas as malas seguiram viagem e os passageiros ficaram sem os seus pertences onde certamente se incluíam camisas de manga curta e de manga comprida. Enquanto isso, as mangas suculentas seguiram caminho para saciar os desejos do mercado europeu que, por conta das temperaturas baixas tem uma produção reduzida de mangas, principalmente no inverno.

Foram cem malas que ficaram por terra para dar lugar a 41 toneladas de mangas. Para que fique claro foram dez dezenas de malas e 41 mil kilos de mangas, o que dá muitas mangas mas não tantas pois couberam dentro do porão de um avião. É sempre uma questão de perspectiva e por vezes de desconhecimento do peso dos números.
Para que conste não houve manga na sobremesa nem aviso aos passageiros que as suas malas não tinham seguido viagem. Certamente que seria difícil avisar quais malas não embarcaram e quais seguiram viagem. Um aviso generalizado poderia causar pânico à partida e uma situação explosiva. Talvez o aviso não tenha sido transmitido por conta de um deputado português que, no aeroporto de Lisboa, surripiava malas alheias. Ao que chegamos, representantes do povo, cá e lá, com técnicas de auto-bonificação ousadas e atrevidas, mas sempre ao arrepio da lei.

Consta que, face ao sucedido, a companhia aérea arregaçou as mangas e entregou todas as malas, uma a uma, aos seus proprietários de forma rápida e eficiente. Parabéns. Hoje foram mangas, amanhã poderão ser outras frutas. É uma questão de prioridade, de peso e de volumetria.