Numa altura em que o Novo Jornal, o seu director e jornalistas sofriam o mais vil, ignóbil e perigoso ataque liderado por um novo "Ali Babá" que surgiu entre nós e que, cego pelo apetite de tomar aquilo que não lhe pertence, cometeu um dos mais tristes e repugnantes episódios de que há memória no jornalismo angolano: enviar 40 "ladrões" para ocuparem a redacção. Não se chega ao jornalismo pela imposição da força, da cultura do medo, pelo ataque à liberdade dos jornalistas, pelo recurso ao assassínio de carácter ou financiando o negócio da desinformação. As liberdades de imprensa e de expressão em Angola terão sempre no Novo Jornal um símbolo e referência. Essas são, para nós, liberdades inegociáveis.

Há uns anos que está montada uma estratégia para se fragilizar, tomar, para se apropriar e controlar o Novo Jornal. Não foi possível por via da negociação com o seu accionista único e legítimo proprietário, o empresário Emanuel Madaleno. Não foi possível por via de aliciamento ao seu director, com viagem para a capital da antiga Metrópole e proposta de oferta de 15 mil euros. Não foi possível pelo uso da força e envio de 40 "capangas" para a ocupação da sua redacção. Não foi possível pela via de fabricação e financiamento de desinformação. Não tem sido possível e não será possível por via de alegados esquemas e compadrios junto do Poder Judicial. Também não o será por via de forçadas alianças políticas.

O problema, que já se tornou dilema deste novo "Ali Babá", é aquilo que prometeu, a quem prometeu e como se comprometeu. Um aspirante a ditador, um homem que não respeita o jornalismo e os jornalistas, um homem com desprezo pelas leis, pelas autoridades e pela própria justiça. Num país normal, cidadãos normais não desrespeitam os tribunais e mandam homens ocuparem redacções de jornais, tudo sob olhar de certos silêncios coniventes. O "Ali Babá" recebeu a sua "carta de alforria" temporária e está de volta. Como bom vendedor de sonhos, já está a oferecer promessas de emprego para um cargo interessante, e sabem vocês qual? O de director do Novo Jornal.

O esquema é sempre o mesmo: prometer aquilo que não tem. Já prometeu aos do "topo da colina" um jornal que não tem e agora promete cargos para um órgão que não é seu. Prometer entregar aquilo que não tem, tudo para provar ou mostrar uma lealdade conveniente a certo poder ou aos poderes? É um caminho perigoso e uma jogada que jornalistas, amigos e leitores já andam atentos e há muito foram alertados.
A cultura do medo dita ordens, e o medo leva as pessoas a agir, o medo daquilo que não controlam, medo daquilo que não está formatado e orientado. O nosso jornalismo não pode ficar refém de movimentos ou pressões contrárias à sua missão de escrutinar os poderes, do seu sentido e visão crítica, bem como de questionar os factos.

A democracia tem poucas certezas e muitos desafios. Este é um jornal cujo poder está nas liberdades e das quais não abdica e que as considera inegociáveis. Trata-se de um jornal que sabe usar a liberdade que tem, um jornal que desmonta estratégias, um jornal que revela um País que poucos conhecem. Um jornal ameaçado e ameaçador. Um jornal que tem poder, mas que não faz parte do Poder. Um jornal que não negoceia o poder e as liberdades que tem. Um jornal que sabe marcar a sua posição e que não é oposição, que não se submete ao jogo dos políticos, aos esquemas dos empresários e que não tolera injustiças da Justiça. Um jornal " casado" com o interesse público e com a nobre missão de informar. Esse é O Tal Jornal!

Combater o Novo Jornal é combater um dos últimos redutos do bom jornalismo que ainda vai existindo entre nós. É um ataque ao que ainda nos resta de liberdade e democracia. Uma guerra e ataques sem sentido contra um jornal que marca gerações e que tem sido uma lufada de ar fresco no jornalismo que se faz em Angola. Foi assim no passado e com os meus antecessores, é assim comigo no presente e será assim no futuro com os meus sucessores. O Novo Jornal está bem como está, onde está e com quem está. O Novo Jornal está bem, e recomenda-se!