Aquilo a que assistimos no funeral de Nagrelha foi a expressão do desalento, da falta de perspectiva e de expectativas. Foi um aproveitar de uma bandeira, da morte de um símbolo, de uma referência para manifestar o seu desagrado, a sua revolta pela falta de esperança no futuro, pela ausência de rumo, pela falta de confiança nas instituições e lideranças do País. Nagrelha foi, para eles, uma espécie de símbolo de revolta, um exemplo de afirmação de uma franja social que nasceu condenada a fracassar, a não vingar e proibida de ousar ultrapassar a fronteira entre o musseque e o asfalto. Um sinal ao Sistema que eles não serão vencidos pelo cansaço, pelo populismo e pelo aproveitamento político, por via da exploração da dor alheia.