Mas, com a morte da bicefalia partidária, assistimos lentamente ao trágico renascimento do Governo de um só. Manipulando o partido em vez de o reconstruir com bases éticas. Marginalizando a sociedade civil que defendia um País para todos classificando-a como "lúmpen". Ofendendo o prioritário. Ignorou a miséria e o sofrimento da maioria da população. Mostrando que não existia nenhuma visão que conduzisse Angola para um patamar de dignidade humana.
Em mais de 2.500 dias de governação, o País encolheu em todos os sentidos. Não foi visível nenhum tipo de grandeza na liderança. Perdeu a luta contra a corrupção. Perdeu o milagre económico. A diversificação da economia. Perdeu a nova escola que devia fazer a diferença. Perdeu a luta contra a mortalidade e morbilidade. Perdeu a lucidez orçamental. Perdeu o respeito popular. Esteve sempre ausente na calamidade. Perdeu a Justiça. Perdeu o presente. Perdeu o futuro.
Manobras de conservação do poder a qualquer preço. Uma divisão administrativa vazia de lógica. Autárquicas em silêncio. O País em modo do voo. Ninguém no comando da felicidade do povo com quem nunca se misturou. Nunca o ouviu. Desvalorizou a sua fome. Passou a ser aplaudido mesmo quando não merecia. Teve o mérito de piorar o que estava mal. A desumanização da Nação é hoje um caminho sem volta. As consequências futuras serão dramáticas.
O milagre da multiplicação aconteceu. Multiplicaram os pobres. Multiplicaram as nomeações na continuidade. As promessas. As dívidas. O tamanho do abismo. Regressámos à zona "cinzenta" imposta pelo GAFI, devido à ineficiência e retrocesso do rigor. Postos de castigo como um aluno malcomportado incapaz de medir as consequências dos reiterados erros.
Qualquer que seja o ângulo pelo qual se olhe para o deprimente resultado desta governação é indiscutível que, em momento algum, a culpa da perda da batalha será atribuída ao soldado. A gravidade da actual situação social, económica, política, diplomática, institucional e a salvação da maioria da população de uma absurda pobreza extrema não permitem que fiquemos calados. Num momento em que apela à consciência de todos, para que o País não se perca de vez, é importante perceber que a democracia não se negoceia. Cumpre-se.