Aos poucos, vai ganhando confiança e, com isso, começa a dar os seus primeiros passos, agarrado ao que está à sua volta, muletas improvisadas. A seu tempo, vai compreendendo como o mundo funciona e que por vezes um choro ajuda a resolver muitos assuntos, uma fralda suja, uma boca seca, um estômago a avisar que está na altura de comer qualquer coisa, um dente que está a nascer, um incómodo qualquer que necessita de intervenção.

Na política, há um pouco dessa vereda. Os pequenos vão crescendo, aprendendo a amparar-se às muletas da vida, chorando para conseguir umas vitórias eleitorais, uns cargos com benesses, um protagonismo exagerado, tentando equilibrar o conhecido com o desconhecido e procurando estratégias para acabar com certos incómodos. Depois percebem que chorar dentro de casa já não resulta pois os truques já são todos conhecidos e começam então a experimentar a vizinhança, procurando vantagens ora para a colectividade ora para o indivíduo.

Esta troca de militantes de um partido para outro, no contexto de uma democracia que está ainda a engatinhar para depois tentar pôr-se de pé, parece uma tentativa de se encontrar protagonismo mais na notícia do que no que se espera dos ditos militantes. É muita fanfarronice e alarido de quem o choro em casa já não está a resultar e em vez de apenas procurar outros ares tem necessidade de bradar essa mudança, pretendendo passar de incomodado para incómodo.

Tanta cobertura mediática no acto de mudança mas muito pouca informação de fundo sobre o que esses novos militantes vão fazer na nova casa. Que ideias novas trazem para além da habitual fofoca e do conhecimento de como cozinhavam na sua anterior casa. Será que vão explicar como fazer o funje sem caroços ou como mudar as fraldas? Vão de facto contribuir para uma Angola melhor com sentido auto-crítico ou vão fazer apenas número?

Muitos pensam que estão a sair porque fazem falta sem perceberem que o caminho da saída pode ter sido indicado por estarem a mais, sem ideias. Entre aliciamentos, promessas e propaganda não são esses indivíduos que vão corrigir o que está mal, quando muito vão aumentar o que está mal. E o nível ainda vai baixar mais.