Há quem diga que João Lourenço, para além da confiança e competência, vê nelas maior lealdade, ausência de ambições desmedidas pelo poder e mesmo a necessidade de dar um "toque feminino" à estrutura governativa.

Não sou a favor de sistemas de quotas para mulheres no exercício de cargos públicos. Penso que a sociedade deve criar condições para que elas actuem ou exerçam as suas actividades em igualdade de oportunidades. Hoje, ter mulheres nestes cargos de destaque e relevância política, social e cultural já não devia ser visto como novidade. Existe um longo trabalho pela frente e algumas barreiras sociais e culturais por derrubar. Não é necessário que celebre a força, a importância e o papel da mulher apenas no mês que lhe é consagrado, temos de tornar isso numa prática diária e de fazer parte do nosso agir. Ainda estamos longe de um equilíbrio, mas os sinais são bons, e é preciso que as lideranças assumam este compromisso sem reservas.

Temos de acompanhar as dinâmicas mundiais e fazer leituras dos sinais dos tempos. Hoje, temos mulheres em maior número nas universidades e em várias instituições da sociedade, sendo que isso não anula o papel que cada um de nós deve desempenhar socialmente. Para sociedades ainda muito machistas e preconceituosas, há sempre um grande trabalho a ser feito. Hoje, estamos a fazer um caminho que é democraticamente louvável e saudável. Quem sabe nas próximas décadas podemos vir a ter uma mulher no cargo de Presidente da República? É preciso educar as crianças para que cresçam com a consciência do respeito ao próximo e dos valores da igualdade e liberdade. Também que algumas mulheres percebam que, nesta sua luta pela emancipação e igualdade do género, o homem não tem de, necessariamente, ser um alvo a abater e que alguns homens percebam que mulheres no exercício de cargos superiores não é significado de diminuição ou humilhação para si.

Aqui o jornalismo também joga papel importante na afirmação dos valores da democracia. Esta edição foi também para que alguns leitores possam perceber com base na lógica e visão do NJ quem são aquelas mulheres que exercem influência sobre o Presidente da República e como estes poderes se relacionam. Percebam, também, como, cada vez mais, o poder vai precisando de maior sensibilidade, de como o poder precisava de um toque feminino. As nossas protagonistas aí estão e estão a fazer parte da história e da sua história.