Adalberto Costa Júnior quer que o Governo angolano preste contas, sobretudo em relação ao "enorme diferencial" entre o preço do barril de petróleo e o Orçamento Geral do Estado (OGE), tanto para final de 2021 como de todo o ano de 2022.

"E o mercado, o preço do barril, os especialistas fizeram cálculo e dizem que 11 mil milhões de dólares de superavit que não foi justificado por OGE rectificativo. Ora quando o preço do barril é em baixa o governo tem pressa em fazer o OGE rectificativo para que possa justificar a despesa pública, quando está em alta não presta contas e é muito dinheiro", apontou.

Adalberto Costa Júnior criticou ainda o ambiente de "perseguições, prisões e ameaças contra os cidadãos, após as eleições, e inclusive excesso de uso da força direccionado, inclusive, a crianças de escolas".

O senhor Presidente da República, argumentou, "pelos vistos não acompanha o país real, (...) e sobre toda esta questão um absoluto silêncio".

"Nós não vivemos um bom ambiente de coesão política nacional, de coesão social, institucional, nós partimos este ano legislativo com o partido que governa a assaltar o poder na Assembleia Nacional, a desrespeitar legislação e regulamentos internos do parlamento", rematou.

Abel Chivukuvuku também criticou o discurso à Nação de João Lourenço, que classificou como "um discurso administrativo".

"É tudo o que fez, em nenhum momento disse ao país como é que Angola está e é por isso que nesses termos podemos dizer que o chefe de Estado falhou", defendeu.

O Presidente, acrescentou, "também confessou que neste momento o regime não tem ainda programa para os próximos anos, explicou que vamos agora começar a elaborar o programa para o quinquénio, afinal não existe ideia absolutamente nenhuma".

"Portanto, falta visão, falta ambição política para Angola, falta propósito", concluiu Abel Chivukuvuku, um dos 90 deputados eleitos pela UNITA para a legislatura 2022-2027.

O deputado do MPLA, Mário Pinto de Andrade, discorda das críticas e diz acreditar que as eleições autárquicas venham a realizar-se dentro de dois anos.

"O Presidente da República falou sobre as autarquias e acredito que neste mandato as autarquias vão sair, essa é a minha convicção, aliás o Presidente falou nisso, falou que estão a criar condições em alguns municípios com infraestruturas e é mesmo já pensando nas autarquias", afirmou o deputado.

"O horizonte temporal tem de ser o parlamento a discutir, falta uma lei a ser aprovada, eventualmente vai ser necessário corrigir-se outras leis e conformá-las com as alterações que se fizeram à Constituição e acredito que no espaço de dois anos nós teremos as autarquias, essa é a minha convicção", acrescentou.

A vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, também questionada sobre o assunto depois da intervenção de João Lourenço, destacou a necessidade de se completar o pacote legislativo autárquico.

"Sabe que as eleições autárquicas só podem ser convocadas quando estiveram criadas todas as condições necessárias para que o Presidente da República o possa fazer, deve saber também que foi o MPLA que inscreveu na agenda política a questão das autarquias" respondeu aos jornalistas.

O MPLA "é um dos partidos que está interessado que de facto se efective as autarquias depois de criadas todas as condições", acrescentou.

"Já demos grandes passos e penso que os deputados vão envidar esforços no sentido de aprovarem essa lei", salientou.

A Lei sobre a Institucionalização das Autarquias Locais é o único diploma do pacote legislativo autárquico, mas a oposição diz existir falta de vontade política do MPLA para a respectiva aprovação.