João Lourenço, de acordo com o texto integral do seu discurso disponibilizado pelos serviços de imprensa da Presidência angolana, notou em sublinhado discursivo que o Egipto "deu provas de que está realmente empenhado em (se) desenvolver do ponto de vista económico e social, em benefício do povo".

Fez questão de dizer que o desenvolvimento conseguido por este país do Norte de África "é uma lição" para todos os que a quiserem perceber que "quando há vontade, quando há empenho por parte das autoridades e obviamente do povo para fazer as coisas acontecerem", elas acontecem.

"São poucos os países do mundo que conseguem, num período de tempo tão curto, construir 24 cidades e com a qualidade que nós acabámos de ver", disse o Chefe de Estado angolano referindo-se a um vídeo que acabara de passar para a audiência.

E perante a qual admitiu que, apesar de os dois países terem relações quase tão antigas quanto a independência angolana, desde 1976, Luanda e o Cairo não souberam tirar "o devido proveito das potencialidades que um e outro país possuem: recursos humanos, em primeiro lugar, mas também os recursos naturais que ambos os países têm".

"Vimos até ao Cairo para fazer uma mudança de página e ver se daqui para a frente conseguimos fazer, em pouco tempo, aquilo que não fizemos em quase 50 anos. Já lá vão 49 anos desde o estabelecimento das nossas relações", desejou, anuindo na evidência de que quem tem mais a ganhar com esse incremento bilateral é Angola.

E, referindo-se a um dos problemas mais sérios da economia nacional, João Lourenço lembrou que "nenhum país se desenvolve sem o sector privado da economia", sublinhando que, mesmo sabendo disso, os angolanos "tardaram a ter a coragem de dar o passo necessário para o sector público, o Estado, se retirar da economia e deixar esse lugar a quem de direito, portanto, ao sector privado".

Lamentou a dependência do petróleo durante décadas, garantindo que hoje é diferente e o país está a criar um novo ambiente de negócios, com regras muito claras, "com apelo para que o sector privado da economia se desenvolva e vá gradualmente substituindo o papel que o sector público desempenhou" nesse período longo.

Garantiu aos empresários egípcios que Luanda quer diversificar a economia custe o que custar, sob pena de "sucumbir", apelando a que o sector privado, incluindo o investimento externo privado, aposte no país e nas novas oportunidades que se abrem no horizonte.

"O sector privado da economia tem que ser o motor da nossa economia, tem que representar o que ele produzir, tem que representar uma fatia bastante grande do nosso Produto Interno Bruto, o que não acontece hoje", afirmou.

E falando directamente para os empresários egípcios, Lourenço disse que deles pretende "que olhem para Angola como uma grande oportunidade de negócios, não apenas no sector da agricultura, onde temos terras aráveis abundantes, água, bom clima, um país onde não há Inverno, para que possam desenvolver agricultura para o consumo interno, mas também para a exportação".

"Os investidores são livres de escolher o que pretendem fazer, de acordo com os estudos de viabilidade que as suas empresas fizerem. Têm toda a liberdade de investir onde bem entenderem. A gama de oportunidades é bastante vasta, é bastante grande, desde a agro-pecuária, não apenas a agricultura, as pescas, a indústria, no geral, não apenas a indústria extractiva", complementou.

E direccionando o discurso para os seus objectivos prioritários deste encontro, considerou ser "uma oportunidade para (os empresários locais) conhecerem a Angola de hoje" e a Angola que se pretende ver num futuro breve.

Depois de passar ponto por ponto o potencial de investimento de Angola nas suas 21 províncias, deu os parabéns às autoridades do Cairo "pelo sucesso que têm vindo a alcançar no desenvolvimento do seu país", deixando sair a voz do também presidente da União Africana em exercício.

"É um sucesso que deve ser mostrado ao mundo, o mundo deve saber o que se está a passar aqui, porque às vezes se fica com a impressão de que o desenvolvimento só está noutras paragens, na Europa, na América, e que no nosso continente só há fome, pobreza, miséria, doenças. Enfim, tudo o que é de mal e que isso que acabámos de ver só outros continentes podem fazer.

A realidade egípcia, segundo o Presidente angolano, "contraria essa ideia um pouco generalizada de que África é um continente de desgraça, que não tem futuro. O nosso continente não só tem futuro, mas tem presente".