Este encontro, que foi solicitado pelos países europeus, teve lugar na tarde desta quinta-feira, 03, no Ministério das Relações Exteriores (MIREX), em Luanda, e ocorreu um dia depois de Angola ter optado pela abstenção na votação global da Assembleia-Geral das Nações unidas onde a resolução de condenação da invasão russa foi aprovada por 141 dos 193 países-membros, com 35 abstenções e cinco votos contra.
Na conversa que o ministro Téte António manteve com os diplomatas europeus, segundo o comunicado emitido pelo MIREX, foram analisadas questões ligadas à "cooperação entre Angola e a União Europeia, com base numa parceria que se quer estratégica nos mais variados domínios".
O documento aponta como um dos temas em destaque neste encontro, entre outros, "o actual conflito que envolve a Federação Russa e a Ucrânia" mas não avança pormenores sobre o conteúdo dos argumentos apresentados.
Todavia, segundo as fontes europeias contactadas pelo Novo Jornal, o objectivo é claramente criar as condições para que Angola, enquanto país com uma relevância reconhecida no continente africano, assuma uma posição clara de condenação da agressão russa à Ucrânia.
Esta pressão diplomática europeia sobre o Executivo angolano surge depois de o MIREX ter, primeiro em comunicado, antes da reunião da AG da ONU, apostado no apelo às partes para optarem pelo diálogo como via de resolução do diferendo, apelando à paz, e depois, na votação em Nova Iorque, ter seguido a via da equidistância, que é como se traduz a abstenção no momento de votar.
No comunicado sobre este encontro, o chefe da diplomacia angolana faz lembrar que estes encontros "não só servem de plataforma para troca de informações úteis sobre matérias de particular importância, mas também concorrem para o reforço e aprofundamento da cooperação existente entre Angola e a União Europeia".
E recorda que "a UE tem sido um forte parceiro de Angola, nos últimos 30 anos, período em que tem apoiado, em específico, o crescimento económico e o desenvolvimento social do país, sobretudo em sectores de interesse comum".
Mas não sobressaiu em nenhum momento se a posição angolana sobre o conflito no leste europeu poderá ou não ser alterada após este encontro.