Diz o despacho consultado pelo Novo Jornal que o Chefe de Estado e do Governo teve em consideração a necessidade de se "prestar assistência médica e medicamentosa diferenciada e especializada aos pacientes do Serviço Nacional de Saúde", havendo, por isso, "a necessidade da contratação dos serviços de um consultor para a condução e coordenação do processo de realização da cirurgia robótica e do programa de formação dos quadros angolanos neste domínio".

Contas feitas pelo Novo Jornal, tendo em conta o valor global de seis milhões de dólares, o Estado angolano irá pagar, durante os próximos 60 meses, algo como 100 mil USD ao novo consultor.

A despesa, no valor global de seis milhões de dólares dos Estados Unidos da América, através de um procedimento de contratação simplificada em função de critérios materiais, prevê a contratação de serviços de um consultor para a condução e coordenação de todo o processo de realização da cirurgia robótica e do programa de formação dos quadros angolanos, num período de cinco anos.

Mais uma vez o Presidente delega na ministra da Saúde a competência, com a faculdade de subdelegar, para a aprovação das peças do procedimento, bem como para a verificação da validade e legalidade de todos os actos praticados, incluindo a celebração e a assinatura do correspondente contrato.

O Ministério das Finanças deverá assegurar os recursos financeiros necessários à implementação do contrato, determina o Chefe de Estado, que vê nestes contratos também uma forma de "transferência de know how", ou seja, conhecimento, para os quadros angolanos.

Os contratos anteriores, como o Novo jornal noticiou, serão assinados com a Global Humanitarian Healthcare Equity Foundation Management, LLC. No caso deste último não é avançado o nome da empresa ou do consultor que ficará responsável pela condução e coordenação do processo de realização da cirurgia robótica e do programa de formação dos quadros angolanos neste domínio

De referir que a primeira cirurgia robótica em Angola foi realizada a 6 de Agosto, no Complexo Hospitalar de Doenças Cardio Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, em Luanda, a um paciente com cancro da próstata.

A informação foi avançada por Sílvia Lutucuta, no final da cirurgia, altura em que afirmou que o robô cirúrgico, colocado à disposição do Serviço Nacional de Saúde, junta-se aos outros meios para uma melhor prestação de cuidados de saúde.

A governante realçou que a cirurgia robótica vai ser estendida a outras especialidades. "Num futuro breve será feita cirurgia ginecológica robótica, geral, torácica, neurocirurgia e ortopedia", afirmou a ministra.

No dia seguinte, na Cidade Alta, o Presidente da República recebia o médico urologista Vipul Patel, conhecido pela sua contribuição para o campo da cirurgia assistida por robótica e considerado um dos cirurgiões robóticos mais experientes do mundo, que realizou a cirurgia no Hospital Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, a um paciente com cancro da próstata.

Em Outubro, Angola recebeu o segundo robô cirúrgico, que será instalado no edifício de formação do Complexo Hospitalar de Doenças cardiopulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, em Luanda, e usado para formação de médicos e enfermeiros.

Este robô foi criado para simular procedimentos complexos, oferecendo aos profissionais de saúde a oportunidade de adquirir experiência prática antes de realizarem cirurgias.

"A instalação deste segundo robô representa um avanço significativo no sistema de saúde do país, consolidando o complexo hospitalar como um centro de referência em cirurgias robóticas", dizia o Ministério da Saúde (MINSA) em comunicado.

A cirurgia robótica, ou seja, "assistida por robô", consiste basicamente numa cirurgia por acesso laparoscópico (pequenos orifícios por onde são introduzidas a câmera e pinças cirúrgicas) em que os movimentos dos instrumentos são realizados por braços robóticos.

Os movimentos são todos realizados pelo cirurgião, que é normalmente altamente especializado, que controla os braços robóticos por meio de joysticks.

Esta cirurgia é menos invasiva, permite visão 3D e ampliada entre 10 a 15 vezes, movimentos precisos e de maior amplitude das pinças robóticas, ausência de tremores e fadiga pelos braços robóticos, menores taxas de sangramento no intra-operatório, menos dor no pós-operatório, menor taxa de infecção no pós-operatório, menor tempo de hospitalização.

Actualmente, é uma das técnicas mais utilizadas para cirurgias do cancro da próstata e rim, mas também para cirurgias reconstrutivas como pieloplastia para obstrução do rim.