A dona assegurou que só teve tal atitude "por ter sido desrespeitada e humilhada pelo embaixador da Mauritânia em Angola, Mohamed Ebade, que recusou negociar" com ela parte da dívida do arrendamento e do Imposto Predial Urbano (IPU) do imóvel à AGT, que, garante, não é paga há quatro anos.
A acção da mulher não caiu bem junto das autoridades da Mauritânia e do Estado angolano, confidenciou uma fonte da embaixada em Luanda ao Novo Jornal, que contou que o Ministério das Relações Exteriores da Mauritânia pretendia pedir explicações ao Governo de Angola, mas acabou por recuar após as partes (a embaixada e a senhoria) chegarem a um entendimento, e pelo facto de esta ter retirado, no dia seguinte, as portas da representação diplomática.
A embaixada, segundo a nossa fonte, não irá responsabilizar judicialmente a proprietária do imóvel e assegura que o litígio ficará ultrapassado nos próximos dias.
A senhora já informou o embaixador Mohamed Ebade da sua pretensão de rescisão do contrato de arrendamento e deu 90 dias para que a embaixada proceda à entrega do imóvel até ao último dia do mês de Janeiro de 2022, mas exige que cumpra com a liquidação parcial ou total da dívida no valor de 216 mil dólares.
Maria de Vasconcelos Magalhães disse que trancou a embaixada não para criar mal-estar nas relações diplomáticas entre os dois países, mas para pressionar o embaixador a conversar sobre o assunto, visto que este "o ignorava", não aceitando recebê-la e maltratando-a psicologicamente no último dia, isto a 21 de Outubro.
Segundo a mulher, consta no contrato de arrendamento que o valor mensal a pagar é de 8.000 dólares, convertidos em Kwanzas ao câmbio oficial do dia.
"Também consta no contrato de arrendamento a retenção legal de 15% pelo inquilino no caso a Embaixada da Mauritânia responsável pelo pagamento do Imposto Predial Urbano à AGT, e a apresentação do comprovativo ao senhorio", esclarece.
Conforme a proprietária, o período do contrato de arrendamento é de 01 de Agosto de 2016 a 31 de Julho desde ano.
"A Embaixada da Mauritânia pagou, tal como consta no contrato, 85% do valor à senhoria e os remanescentes 15% às Finanças no primeiro ano da vigência do contrato de 01 de Agosto de 2016 a 31 de Julho de 2017", garante.
"De 01 de Agosto de 2017 até 31 de Julho de 2021, a embaixada não pagou nem valor às Finanças o IPU", prossegue a mulher.
"Ao longo destes quatro anos, por se tratar de uma embaixada, com alguma diplomacia fomos solicitando a regularização da situação. Até que no mês de Junho, ao terminar os cinco anos contratuais, começámos por solicitar por escrito o pagamento do IPU e do remanescente em falta no valor das rendas", explica.
Maria de Vasconcelos Magalhães assegurou que ao aperceber-se "da má-fé por parte do actual embaixador," optou por pedir a rescisão do contrato, dando o prazo de 90 dias para a entrega do imóvel.
"Não somos obrigados a continuar a arrendar a nossa propriedade à Embaixada da Mauritânia que tem 1001 problemas e de toda a índole de relacionamento e cumprimento contratual", disse.
Segundo a proprietária do imóvel, a Embaixada da Mauritânia tem por pagar à senhoria o valor de 130 mil dólares, ao câmbio do dia, em kwanzas, dívida contraída por acumulação ao longo dos quatro anos, da diferença entre o valor real e o transferido para o pagamento da renda, bem como 62 mil dólares, em kwanzas, dos quatro anos de IPU não pagos à AGT.
"Exijo respeito. Sinto que tentei conversar, não tive sucesso, mas poderia continuar a tentar por os conflitos serem resolvidos na base do diálogo. Fechei as portas da embaixada, no momento de fraqueza visto querer ter de volta o meu imóvel e reconheço que a situação beliscou a imagem da Mauritânia e de Angola. A todos, peço as minhas sinceras desculpas", concluiu.
Sobre o assunto, o Novo Jornal tentou obter, sem sucesso, explicações do representante da Embaixada da República Islâmica da Mauritânia em Angola, Mohamed Ebade.