Quando, a 24 de Fevereiro de 2022, a Rússia começou a bombardear a Ucrânia com ataques nas cidades próximas da capital, Kieve, e noutros pontos estratégicos do território, Etelvino Bessa, jovem estudante angolano na Academia Metalúrgica Nacional, na cidade de Dnipropetrovsk, estava nos seus últimos dias de férias em Angola, preparando a viagem para o regresso àquele país, após três anos sem visitar os familiares. Em Dnipropetrovsk estava a fazer o mestrado em Engenharia Electromecânica, condição que, à semelhança de muitos outros angolanos, lhe permitia trabalhar em Kieve, por serem cidades muito próximas, para conseguir mais uns trocados e não depender apenas da bolsa.

Viu as primeiras imagens da invasão russa à Ucrânia em casa de um amigo, na Centralidade do Kilamba, em Luanda. Não queria acreditar. "Fiquei chocado, paralisado. Senti um aperto no coração e um nó na garganta. As pernas estavam trémulas, sem força", confessa.

Daí em diante, quase que não tirava os olhos da televisão. Procurava acompanhar a cada instante o que se passava na Ucrânia. Poucos dias depois, viu pelo pequenno ecrã a destruição de um dos supermercados da cidade, atrás da qual estava a residência onde vivia com mais dois colegas e com quem partilhava as despesas. "Se o supermercado foi destruído, quer dizer que a casa onde vivíamos não foi poupada", comenta com o amigon ao lado, sentados no sofá, receios que vieram a confirmar-se mais tarde. Imagens aterrorizadoras mostravam diversos ângulos e, com maior ampliação, passavam, constantemente, na televisão, fazendo lembrar campos queimados.

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