O foco infeccioso está a alastrar há cerca de um mês, período durante o qual já morreram mais de 50 pessoas, na região de Bikoro, na província do Equador, onde, na década de 1970, foi registado o primeiro caso de Ébola, mas não há ainda qualquer ligação demonstrada entre as duas doenças.
O que mais está a inquietar as autoridades sanitárias congolesas, tanto em Kinshasa, como nesta província, que faz fronteira com a República do Congo, no noroeste do país vizinho de Angola, é que esta patologia ainda por identificar mata as suas vítimas em muito pouco tempo.
Os pacientes que chegam ao Hospital de Bikoro, médico que dirige esta unidade de saúde, segundo descrição feita aos media, morrem, numa grande percentagem dos casos, cerca de 48 horas após o surgimento dos sintomas, "o que é o mais preocupante", alerta ainda o médico.
A gravidade desta doença pode ainda revelar-se maior considerando que Bikoro é uma cidade problemática na perspectiva de que se trata de um conhecido centro de comércio, a norte de Kinshasa, na margem do Lago Tumba, com ligação fluvial através de um afluente do Rio Congo à capital do país, e onde milhares de pessoas se movimentam diariamente.
Recorde-se que a província do Equador está ligada pelo Rio Congo, a grande via de mobilidade na RDC, a Kinshasa, seguindo depois para sul, em direcção ao mar com passagem por Angola e pel República do Congo, o que abrange uma gigantesca e populosa região.
De acordo com os dados mais recentes, no espaço de um mês, esta doença fez 54 mortos e estão identificados perto de quaro centenas de casos confirmados e dezenas de suspeitos, que estão activamente a ser observados.
Essa observação tem como finalidade despistar a possibilidade de se tratar de outra patologia conhecida, devido aos sintomas serem semelhantes, por exemplo, ao Ébola ou ao Marburg, nomeadamente as febres hemorrágicas que os pacientes desenvolvem, embora testes laboratoriais tenham afastado a possibilidade de se tratar de uma destas infecções.
Segundo as autoridades sanitárias, até ao momento pensa-se que a origem da doença está no consumo de animais selvagens, o que pressupõe que existem fortes probabilidades de se tratar de Ébola ou uma variante ou evolução mais letal desta infecção, embora isso não esteja ainda confirmado laboratorialmente.
Como se pode verificar nos links em baixo, nos últimos anos têm-se multiplicado os casos de doenças de origem desconhecida no continente africano, o que é resultado de factores tão diversos como as alterações climáticas, a redução das áreas de floresta por ocupação humana, o consumo galopante de animais selvagens ou ainda a sobrelotação de algumas áreas urbanas...