Desde bonecos a alarmes sonoros, fogo de artificio, disparos para o ar... nada parecia conseguir impedir as manadas de elefantes, ou alguns animais errantes, como sucede muito em Angola, de entrarem e arrasarem as culturas de que muitos agricultores e as suas famílias dependem.

Até que, em resultado de um projecto que visa testar formas não-letais de afastar elefantes das lavras dos agricultores e resolver esta perigosa guerra entre humanos e paquidermes, sejam os campos de batalha as lavras familiares ou as extensões industriais de culturas, do milho à banana ou cana-de-açúcar, se descobriu que os gigantes não toleram as minúsculas abelhas.

Durante o projecto, gerido pela ONG britânica Save de Elephants - Salvem os Elefantes, na sua vertente experimental, percebeu-se que os elefantes têm um medo ancestral das abelhas e afastam-se rapidamente dos locais onde estas têm as suas colmeias.

E foi assim que, colocando colmeias de abelhas ao longo dos limites das fazendas ou dos terrenos com culturas diversas, fazendo algo parecido a um muro de ferrões de abelha, os agricultores viram diminuir de forma significativa os ataques dos elefantes que se alimentam nas lavras, especialmente durante os períodos de seca mais severa.

Este truque pode ser agora, por ter sido testado com sucesso, noutras partes do continente onde este problema se coloca, como é especialmente o caso do Botsuana e da Namíbia ou ainda do Zimbabué, embora também em Angola, onde, por exemplo, em províncias como o Kwanza Sul e Norte, Bié, Malanje, Huíla... se multiplicam os casos de perigosa proximidade entre humanos e elefantes.

Em Angola, depois de décadas de guerra terem dizimado as grandes manadas de elefantes, eram mais de 70 mil na década de 1970 (ver links em baixo nesta página), actualmente não são mais de 4 mil mas nos últimos anos tem-se registado um aumento de indivíduos e de manadas em quase todo o país.

Uma das razões para esta recuperação da espécie em Angola é que as manadas que nessa altura do conflito armado fugiram do sul e leste de Angola para a Zâmbia, Botsuana... estão agora a regressar porque alguns dos animais mais velhos mantém essas rotas de transumância natural na memória e começaram a ficar no território nacional onde encontram áreas menos saturadas e de maior abundância de alimento natural.

Apesar de em Angola estar a crescer fortemente a caça ilegal de espécies selvagens e em risco, como é o caso dos elefantes, a verdade é que este tipo de ameaça não se compara aos riscos colocados pelo conflito armado que levou milhares de animais a fugirem ou a morrerem.

O potencial turístico nacional está fortemente ligado à sua fauna e flora, além das paisagens, tanto no interior como na costa, sendo que outro tipo de turismo mais de cidades é muito difícil singrar em Angola, por enquanto, devido à ausência de infra-estruturas e pontos de interesse que atraiam e gerem esses fluxos.