Papa Francisco não só adorava o desporto, como estava convencido de que este jogo tinha uma capacidade extraordinária para unir as pessoas. "O futebol é um desporto de equipa. Não se pode divertir sozinho", disse em certa ocasião.
Como arcebispo de Buenos Aires, viria a abençoar o projecto da Capela da Cidade Desportiva do seu amado clube San Lorenzo. Coincidência ou não, a eleição como Papa do Cardeal Bergoglio, em 2013, acontece pouco antes do maior momento da história do clube, a conquista da Taça Libertadores. Durante o pontificado, Francisco recebeu no Vaticano milhares de atletas, desportistas com deficiência e representantes de vários clubes e selecções. Encontrou-se com Diego Armando Maradona e Lionel Messi, as duas maiores estrelas do futebol argentino.
Mas, para lá desta paixão, diria carnal, pelo seu amado futebol, o jogo mais bonito de todos, como gostava de destacar, o Papa Francisco deixou-nos também a sua visão messiânica sobre o poder do desporto.
Sonhava com o desporto como uma prática da dignidade humana, sendo um veículo de fraternidade.
Num vídeo gravado há uns anos deixou-nos uma mensagem em que expressou a sua firme crença que com o desporto é possível construir uma cultura de encontro entre todos, por um mundo de paz.
E mais uma vez o Francisco estava certo, coberto de razão mesmo, pois, se bem usado, o desporto pode ser verdadeiramente um poderoso instrumento de paz e fraternidade entre os povos do nosso mundo.
Quando, há alguns anos, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, publicou o documento "Dar o Melhor de Si Mesmo" como forma de realçar o papel da igreja no mundo do desporto, o Papa Francisco emitiu uma nota em que destacava a prática desportiva enquanto lugar de encontro, veículo de formação, fonte de valores e virtudes que nos ajudam a melhorar como pessoas.
Segundo Francisco, quando um pai joga com um filho, quando as crianças jogam entre si, quando o desportista festeja uma vitória com os adeptos, em todos esses momentos, se pode encontrar o desporto como lugar de união e encontro entre pessoas.
Para o desportista cristão, escreveu o Papa, "a santidade é viver o desporto como meio de encontro, de formação da personalidade, de testemunho e de anúncio da alegria de ser cristão com os que o rodeiam" n *Jurista e Presidente do Clube Escola Desportiva Formigas do Cazenga