A SONANGOL garante de que não há escassez de gasolina e gasóleo em nenhuma província do País, enquanto as autoridades de Cabinda dizem que o problema em vários postos de venda tem a ver com o contrabando de combustível, o que consideram ser já um problema a nível local.

Ao Novo Jornal alguns cidadãos residentes em Cabinda disseram que o problema do contrabando de combustível é um fenómeno que cresce diariamente na província, sob o olhar silencioso das autoridades competentes.

As autoridades administrativas locais reconhecem que a falta de combustível nos postos de abastecimento nada tem a ver com o fornecimento da SONANGOL à província e asseguram ser de facto devido ao contrabando levado acabo por grupos organizados.

"Cabinda está com problemas de falta de combustível há vários meses, as pessoas têm medo de denunciar por conta das perseguições feita pelos grupos organizados. O problema do combustível em Cabinda está nas pessoas, não nas instituições. O combustível é de facto um grande negócio aqui em Cabinda e isso não é segredo para ninguém. Não é preciso Serviço de Investigação Criminal para desmantelar os grupos organizados que prejudicam a população. Estamos a cumprir filas à toa nos postos de abastecimento enquanto eles levam o combustível para a fronteira onde o comercializam", contaram ao Novo Jornal dois cidadãos residentes na cidade de Cabinda, que solicitaram anonimato.

Conforme os denunciantes, a escassez de combustível em Cabinda é uma constante e o problema é já antigo.

"Apenas esteve um pouco calmo no período eleitoral, mas depois de 24 de Agosto tudo voltou ao normal. Há uma procura de combustível em todos os lados. Estamos a fazer quatro a cinco horas na fila das bombas para abastecer as viaturas", explicaram os cidadãos, assegurando que "a venda ilegal de combustível é negócio de muitos grupos e de empresas".

Segundo os cidadãos, que trabalham há vários quilómetros do centro da cidade, o tráfico do combustível em Cabinda é quase um comércio legal.

"O contrabando de combustível é praticamente um comércio legal aqui em Cabinda. Quem paga por tudo isso é o povo inocente, fica nas filas horas à espera de conseguir obter o combustível".

Entretanto, um responsável ligado do Governo Provincial de Cabinda (GPC), que cessa agora funções, disse ao Novo Jornal que o fenómeno do contrabando de combustível é de facto preocupante e que da parte da petrolífera SONANGOL não há falta de cumprimento no fornecimento de combustível à província.

O alto funcionário do Governo de Cabinda, que preferiu anonimato por ter agora cessado as funções do GPC, disse que o problema da falta de combustível nos postos de abastecimento tem a ver com o contrabando. "Isso é a nossa dor de cabeça aqui em Cabinda".

Questionada se das várias acções levadas a cabo pelas autoridades locais não foi possível o desmantelamento dos prevaricadores. A fonte do GPC disse que os grupos organizados não desmantelam de um dia para o outro e que as autoridades tudo fazem para acabar de uma vez por todas com esse "cancro".

"Nós, enquanto Governo, temos feito apelos às autoridades policiais e muitas das vezes com bons resultados, mas é preciso que a população denuncie de facto e não fique apenas a criticar ou a esconder quem prejudica o povo. Por exemplo, dificilmente recebemos denúncias das zonas fronteiriça de Tendequela, Fútila, Chiweca e Massabi", disse.

O Novo Jornal tentou, sem sucesso, obter esclarecimento da Polícia Nacional (PN) em Cabinda, mas recentemente o seu o 2.º comandante para a ordem pública, José da Mónica "Felé", disse à ANGOP que a polícia estuda os modus operandi dos traficantes, redobrando as medidas de patrulhamento, revista, identificação de viaturas ligeiras e camiões cisterna de transporte de combustível nos controlos e o impedimento da venda em recipientes.

"A Polícia Nacional em Cabinda aperta o cerco ao contrabando de combustível, com a apreensão de depósitos e reservatórios de concentração na periferia da cidade e nas aldeias fronteiriças", disse o comandante na ocasião.

Entretanto, os cidadãos em Cabinda dizem que não sentem a mão pesada das autoridades policiais contra aos infractores, que só prejudicam a vida dos cidadãos.