Depois de a ministra da Saúde ter anunciado a aquisição da Sputnik V e o Presidente ter aprovado a aquisição de seis milhões de doses através de um decreto Presidencial, o País recebeu esta semana as primeiras 40 mil doses e na quarta-feira foram administradas as primeiras doses.
Apesar das dúvidas, geradas pelo facto de o fabricante, o russo Instituto Gamaleya de Pesquisa, Microbiologia e Epidemiologia não ter apresentado publicamente a cronologia da sua produção, testagem e aprovação, de acordo com o exigido por alguns organismos de controlo nacionais e internacionais, como a OMS, o EMA ou o CDC, a Sputnik V já está a ser utilizada em dezenas de países e a própria ONU prepara-se, segundo anunciou agora o Secretário-Geral António Guterres, para concluir o processo de reconhecimento da qualidade e eficácia deste imunizante.
"Damos as boas vindas ao reconhecimento da Sputnik V pela OMS. Estou muito agradecido pelo facto de a Rússia ter tornado acessível esta vacina para o pessoal da ONU, e acredito que se trata de um vacina-chave para vencer este desafio de debelar a pandemia da Covid-19", disse Guterres.
Mas as dúvidas que até aqui mantiveram esta vacina afastada em alguns países já tinham sido afastadas pela The Lancet, com a divulgação, como o Novo Jornal noticiou em Fevereiro deste ano, de um estudo onde a vacina russa, a Sputnik V é mostrada como eficaz e bem tolerada no combate à Covid-19.
Com este estudo, a vacina made in Rússia, uma das mais contestadas e postas em causa entre aquelas que já estão em uso, surge como a nova ferramenta disponível para o mundo combater a pandemia da Covid-19, sendo ainda mais relevante o facto de se tratar de um fármaco mais barato que os demais e menos exigente em matéria de armazenamento.
Os investigadores responsáveis pelo estudo divulgado pela The Lancet, uma das mais antigas e credíveis actualmente editadas, retiraram as suas conclusões da análise de dados que envolveram 20 mil pessoas, reafirmando aquilo que as autoridades russas tinham vindo a garantir, que a Sputnik V tem todas as características de uma vacina eficaz e disponível a custos moderados e de fácil uso nos países menos apetrechados tecnologicamente, sendo ainda indicada para pessoas com mais de 60 anos.
Tal como a vacina da AstraZeneca, a que foi mais utilizada no País até agora, mas cujo fornecimento foi interrompido pela Índia devido às suas necessidades internas, esta é administrada em duas doses, podendo, como revelou o secretário de estado da Saúde Pública, Franco Mufinda, com intervalos que podem ir de 21 a 45 dias.
Os efeitos colaterais já conhecidos após a toma da Sputnik V são semelhantes às outras vacinas, abrangendo um reduzido número de pessoas, sendo os mais comuns a dor no braço, dor de cabeça e eventuais tonturas que podem ser resolvidos com a toma de um comprimido de paracetamol.
Em Angola já está igualmente em uso a vacina chinesa da Sinopharm, que começou por ser administrada entre a comunidade chinesa, seguindo-se os elementos das forças de defesa e segurança.
A Comissão Multissectorial para o Combate à Covid-19 tem apostado no aumento da rapidez com que decorre a campanha nacional de vacinação devido ao recente amento muito significativo no número de casos.
No último balanço, na quarta-feira, o país registou mais 259 casos, com seis mortes, totalizando agora 29.405 casos, 645 óbitos, 25.187 recuperados da doença e 3.573 activos.