Com uma população estimada em mais de 900 habitantes, segundo dados da Administração Municipal de Kiwaba Nzoji, a única unidade sanitária [Hospital Municipal] com alguns serviços está a 18 quilómetros daquela localidade e a 14 da aldeia Tunda Dya Mola.

A anciã Julieta Teixeira Ngumba, uma das residentes da aldeia Macala, disse que, comparativamente aos anos anteriores, os problemas se multiplicam.

As crianças frequentam até à 6ª classe na Escola Primária Nginga Mutu [aldeias Macala, Nginga Mutue e Ngunza], mas, para continuarem os estudos, têm de abandonar a circunscrição.

"Falta-nos muita coisa na nossa vida, precisamos a ajuda do governo, temos mais velhos e senhoras que não têm força para trabalhar, por isso, queremos ajuda de comida, dinheiro. Não temos óleo, sabão e arroz", lamentou.

Das lavras apenas aproveitam o amendoim, o milho, a batata doce, feijão, a cana-de-açúcar, o abacaxi, abacate, couve, repolhos e outros produtos hortícolas, o bombó e a kizaca são os mais utilizados para o consumo diário, em alguns casos sem óleo e outros condimentos.

A produção em média escala é comercializada nos mercados informais da cidade de Malanje.

"Pelo táxi pagamos 3.000 kwanzas à cabeça, a trouxa [bagagem] 1.000. E o dinheiro da venda não chega para nada. O sustento dos filhos é à rasca (...), comeram, não comeram fica assim", lamentou-se.

A falta de registo de nascimento, de calçado, de roupa e escola do I ou II ciclo do ensino secundário apoquentam Julieta Ngumba.

O soba de Macala, Sebastião Domingos José, 70 anos, reafirmou que apesar de a localidade ser habitada maioritariamente por camponeses e rica em agricultura, os problemas são inúmeros.

Com um hospital municipal na sede [18 quilómetros] e um posto de saúde na aldeia Tunda Dya Mola [14 quilómetros], "estamos a precisar aqui um hospital, para atender às várias patologias que apresentam os pacientes, porque mesmo para ser combatida uma doença de surpresa é difícil por falta de transporte, quando chega ao município sede a doença agudiza-se e não há capacidade para combater".

Sebastião José afirmou que muitos aldeãos [doentes] das aldeias Miquiriquiri, Dala Mataba, Massango, Kocoma, e Njinga-Ya-Kuca deixarão de ser transferidos para os hospitais de referência na cidade de Malanje com a construção de uma unidade com todos os serviços, medicamentos, enfermeiros, médicos e com transporte: "este é o nosso desejo, almejamos ter um hospital para superar as dificuldades inúmeras que o povo atravessa".

Muitas crianças que concluem a sexta classe deixam de estudar aos 12 ou 13 anos de idade, por falta de familiares na sede municipal de Kiwaba Nzoji, referiu a autoridade tradicional, que pede ao administrador da localidade para interceder junto do governador provincial de Malanje para solicitar ao Presidente da República, João Lourenço, para ampliar o ensino até à nona classe.

"O aluno já consegue movimentar-se para a cidade de Malanje ou outra província para poder estudar. Está a amputar-se o estudo das crianças, muitas estão desorientadas e outras já vivem no analfabetismo", exigiu.

A iluminação pública e domiciliar daquela aldeia e das circunvizinhas, assim como a recuperação da estrada terciária, são outras das súplicas do soba, que considerou haver algum aumento da delinquência, principalmente no período nocturno.

A estrada nacional 323 Malanje/Kiwaba Nzoji necessita de asfaltagem, enquanto que outras que partem da sede até Tunda Dya Mola precisam de resselagem e compactação urgente, "os carros ligeiros passam com dificuldades ".

Posição da Administração Municipal

No ano lectivo 2023/2024 estão inscritos 8.399 alunos no município de Kiwaba Nzoji, com uma rede escolar de 10 unidades de ensino criadas, com salas de aulas anexas em alguns dos 119 bairros [de 11 regedorias], das quais oito do ensino primário, uma do I ciclo do ensino secundário e outra do II ciclo [Instituto Técnico de Saúde], que corresponde a 166 salas de aulas.

Segundo o director Municipal da Educação, Henrique Queta, a região precisa de mais 37 salas de aulas e de 100 professores, para juntar aos 246 existentes. "Nós temos cerca de 1.042 alunos fora do sistema de ensino".

Alfabetizadores voluntários da Ajuda de Desenvolvimento de Povos para Povos (ADPP) deslocam-se em algumas alturas à Kiwaba Nzoji para ajudar a Direcção Municipal de Educação a minimizar o défice de docentes, no programa de educação de jovens adultos, já que o ingresso de novos professores depende dos concursos públicos.

Saúde em Kiwaba Nzoji

Um hospital Municipal e 11 postos de saúde suportam parte das exigências dos 20 mil habitantes da municipalidade, apesar da falta de ambulâncias, referiu o administrador José Neves.

O Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) 2024 [por aprovar] contempla a construção de mais postos de saúde e a compra de ambulâncias, enquanto que os medicamentos são adquiridos no âmbito do Programa de Combate à Pobreza.

Uma escola de 12 salas de aulas deverá ser concluída no próximo ano, garantiu José Neves, para albergar os alunos da Escola Técnica de Saúde, que funciona num edifício adaptado.